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A importância do coração

Diocese de Barretos - 16 de agosto de 2025

A importância do coração

A importância do coração

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Por Diác. Matheus Flávio, São Gabriel Arcanjo, Jaborandi-SP

A última carta encíclica do Papa Francisco foi Dilexit nos sobre o amor humano e divino do coração de Jesus. Esse documento, dividido em cinco capítulos, nos apresenta uma reflexão profunda e necessária para os dias atuais. Ao longo de cinco sábados, vamos ler alguns pontos dessa carta. O Papa Francisco inicia sua reflexão destacando o amor incondicional de Cristo por nós, ou seja, “Amou-nos” (Rm 8,37) e nada “será capaz de separar-nos” desse amor (Rm 8,39). Esse amor tem um símbolo privilegiado: o coração, expressão profunda da verdade da pessoa humana e do amor divino. Na cultura grega antiga, o termo kardía já era associado à parte mais íntima do ser humano, sendo “o centro do desejo e o lugar onde são forjadas as decisões importantes” (n. 3). Na tradição bíblica, o coração aparece como sede da sinceridade e da verdade, pois “a Palavra de Deus […] discerne os sentimentos e as intenções do coração” (Hb 4,12). Jesus toca esse coração, como nos discípulos de Emaús “não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho?” (Lc 24,32). O Papa adverte contra a superficialidade contemporânea e o vazio existencial, pois “nada que valha a pena pode ser construído sem o coração. As aparências e as mentiras só trazem vazio” (n. 6). Ele usa uma metáfora para dizer que “as mentiras, parecem grandes, mas dentro não têm nada, não há nada verdadeiro, não há substância alguma” (n. 7). No mundo atual, dominado pelo individualismo e pelo consumismo, há uma “desvalorização do centro íntimo do homem – o coração” (n. 10). A razão e a vontade, por si sós, não bastam: “Ao não se dar o devido valor ao coração, desvaloriza-se também o que significa falar a partir do coração, agir com o coração” (n. 11). O coração, segundo Francisco, é o lugar do vínculo autêntico: “Só o coração pode acolher, dar refúgio. A interioridade é o ato e esfera do coração” (n. 12). Ele defende que as decisões humanas devem estar sob o “controle político” do coração, pois este é capaz de unir inteligência, vontade e sentimentos na busca do bem (n. 13). Recordando Maria, modelo do coração orante, o Papa cita: “Maria guardava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração” (Lc 2,19.51), capaz de “unir duas coisas na mente” (n. 19). O coração, assim, é também símbolo de memória, unidade interior e sabedoria. Por fim, Francisco aponta o Coração de Cristo como centro de unificação do humano e do divino, pois “Cristo é o coração do mundo; a sua Páscoa” e pede que “mais uma vez ao Senhor que tenha compaixão desta terra ferida, que Ele quis habitar como um de nós. Que derrame os tesouros da sua luz e do seu amor, para que o nosso mundo, que sobrevive entre guerras, desequilíbrios socioeconômicos, consumismo e o uso anti-humano da tecnologia, recupere o que é mais importante e necessário: o coração (n. 31)!