A jornada da vida
O Diário - 6 de novembro de 2025
Rosa Carneiro é empresária, escritora e integrante da Academia Barretense de Cultura
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“Amigos podem seguir caminhos separados, e isso não diminui o valor da jornada compartilhada nem mesmo o afeto.”
Na vastidão da jornada da vida, encontramos aqueles que se tornam partes importantes da nossa história, como nossa família, presente desde os primeiros passos. Ela nos molda com sua presença constante, carregada de amor ou de desafios. Porém, é nas encruzilhadas que descobrimos amigos, viajantes com os quais compartilhamos risos, segredos e lágrimas.
Existe uma verdade inevitável sobre a amizade, que pode ser dolorosa para uns ou mais aceitável para outros: as pessoas mudam, nós mudamos. E nem sempre podemos continuar na mesma estrada juntos. Por vezes, conseguimos seguir lado a lado, se nossas mudanças ocorrem na mesma intensidade e direção. Em outras ocasiões, as diferenças nos obrigam a enveredar por rotas diferentes. Mas isso não necessariamente implica mágoas.
Quando mudamos internamente, nossos relacionamentos inevitavelmente se alteram. A maturidade em uma amizade permite que cresçamos juntos, enquanto a falta dela pode resultar em rupturas. Assim, abraçar as mudanças é uma parte inevitável da vida. Resistir a essas transformações seria como se render à paralisia ou se conformar a zona de conforto – sinônimo de estagnação. Podemos vê-la como sinais de crescimento, tanto individual quanto coletivo, entre amigos que aprendem a aceitar e a celebrar suas evoluções. Além disso, há beleza na amizade que transcende o tempo e o espaço. Amigos nos ancoram, nos desafiam e, às vezes, nos revelam partes de nós mesmos que desconhecíamos. Isso ocorre sobretudo quando mudamos, e é aí que reside a dor e a graça do crescimento.
Aceitar que as pessoas mudam – e nós também – é um ato de coragem e maturidade. É reconhecer que o reflorescimento individual pode levar a caminhos separados e que isso não diminui o valor da jornada compartilhada. Às vezes, crescemos na mesma direção, encontrando novas profundidades na amizade. Outras vezes, devemos deixar ir, sabendo que o amor que compartilhamos continuará a nos moldar, mesmo à distância. Resistir à mudança é resistir à vida. A estagnação é uma morte lenta, um abandono da vibrante possibilidade de ser mais, de se tornar mais. Celebrar as mudanças, aceitar as bifurcações e encontrar sentido na transformação é o que nos faz viver plenamente.
Permita-se mudar!



