Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos

O texto evangélico deste domingo (Lucas 10, 1-12. 17-20) nos apresenta o envio que Jesus faz de setenta e dois discípulos para ir à sua frente a todo lugar ou cidade onde ele próprio devia ir, para fazer chegar o anúncio da chegada do Reino. Não se tratam apenas dos Doze os que são enviados, mas setenta e dois discípulos que correspondia aos 70 ou 72 nações que os antigos acreditavam existir naquela época. Assim, já de imediato, o evangelista nos quer fazer compreender que a missão confiada aos discípulos se destina a todos os povos e nações, e não a um grupo ou nação selecionado. Chama a atenção o fato de que o Senhor envia os discípulos sem esperar que eles estejam prontos e bem treinados. Não tinham estudado teologia, nem feito um curso de marketing. Enviou-os porque tinha urgência de manifestar ao mundo que o “Reino de Deus está próximo!”, que Deus está no presente no mundo, desejando que todo mundo se transforme numa grande família que tem um mesmo pai e onde todos sejam de fato irmãos e irmãs. Para isso, Jesus lhes dá algumas instruções que valem para os discípulos em todos os tempos: devem agir com mansidão, na pobreza, ser portadores de paz, contentar-se com o que se tem, interessar-se pelos necessitados e anunciar o Reino; se rejeitados, repetir o anúncio: não se deixar levar pelo entusiasmo fácil diante do êxito; a única coisa que vale é ser membros do Reino; enfim, estar convencidos de que o Reino não se constrói em um dia. Nenhum de nós batizados podemos nos esquivar desta missão. Todos somos chamados e escolhidos pelo Mestre para colaborar com Ele. Ele não coloca muitas condições, bastam nossa boa vontade e nossa paixão por Cristo e pela sua mensagem. Ao mesmo tempo, não precisamos nos preocupar com os resultados, o importante que sejamos fiéis a missão de tornar visível no mundo o Reino que Jesus nos trouxe, através da nossa alegria, da nossa convicção de que a mensagem de Jesus é suprema novidade capaz de transformar todas as coisas e nosso esforço em traduzir em obras a fé que professamos com nossos lábios.