Por Pe. Pedro Lopes, Vigário paroquial São Miguel Arcanjo, Miguelópolis-SP

A morte sempre causou temor ao ser humano. Em parte, porque ela nos lembra que não somos senhores do tempo, nem donos da própria história. Mas o medo da morte nasce, sobretudo, do desconhecimento. Não sabemos ao certo o que há depois, e o coração humano teme o que não pode controlar. No entanto, para quem crê em Deus, a morte deixa de ser um abismo escuro e se torna uma porta aberta para a vida verdadeira. No dia de Pentecostes, o apóstolo Pedro anunciou aos povos: "Jesus Cristo foi morto, mas ressuscitou!" (cf. At 2). Esta é a certeza que sustenta nossa fé: a morte foi vencida por Cristo. Desde então, ela já não tem a última palavra. Com Jesus, aprendemos que a vida não é tirada, mas transformada. E essa transformação acontece para aqueles que escolhem seguir seus passos. São Paulo, refletindo sobre o mistério da morte e ressurreição, afirmou: "O que é semeado na corrupção, ressuscita na glória" (1Cor 15,42-44). O túmulo, para quem crê, não é um ponto final, mas uma sementeira. Assim como a semente morre para dar lugar à planta, também o nosso corpo terreno será transformado em um corpo glorioso, à imagem do Cristo ressuscitado. E o apóstolo João nos recorda uma promessa consoladora de Jesus: "Na casa de meu Pai há muitas moradas... vou preparar um lugar para vós" (Jo 14,1-6). O céu não é um conceito abstrato. É o destino dos que vivem como peregrinos neste mundo, com os olhos e o coração voltados para Deus. Somos cidadãos do céu. Aqui caminhamos, mas lá é o nosso lar. Por isso, é preciso perder o medo da morte e enxergá-la como o nascimento definitivo, o momento em que deixamos o tempo e entramos na eternidade. Não negamos o sofrimento da separação, nem a dor que ela traz. Mas, pela fé, sabemos que quem morre em Cristo vive para sempre. Vivamos, portanto, como quem se prepara para voltar à casa do Pai. Com o coração em Deus, os pés no caminho e os olhos na eternidade.