A necessidade da vigilância
Diocese de Barretos - 2 de dezembro de 2025
Por Padre Pedro Lopes - Vigário Paroquial São Miguel Arcanjo – Miguelópolis-SP
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A vigilância, neste início de um novo Advento, iniciado com a celebração do 1º domingo do advento, no domingo que passou, ressoa como um convite urgente e amoroso para despertarmos para o essencial. A liturgia deste tempo nos recorda que não vivemos simplesmente a contagem regressiva para o Natal, mas somos chamados a um renascimento interior, um retorno ao primeiro amor, que tem nome e rosto: Jesus Cristo. Ele é o Amor que vem ao nosso encontro, que deseja habitar a cotidianeidade da nossa vida, e que nos pede um olhar atento, um coração desperto, uma alma vigilante. A vigilância cristã não é medo do futuro, nem expectativa ansiosa de acontecimentos extraordinários. É, antes, um estilo de vida. É reconhecer que o Senhor chega todos os dias, muitas vezes de modo silencioso, discreto, escondido. E só quem vigia percebe. Quem vigia enxerga Deus nos detalhes: no sorriso que acolhe, na paciência exercida, na renúncia generosa, no perdão oferecido, nas pequenas fidelidades diárias. O Advento nos educa a perceber essas chegadas de Cristo, para que, quando Ele vier de forma definitiva, não seja um desconhecido, mas Aquele que já amamos e acolhemos no hoje da nossa história. O perigo de nossa época é viver dispersos, anestesiados, distraídos. O coração se acostuma com o superficial, e aquilo que é profundo passa despercebido. A vigilância é o antídoto contra essa dispersão. Ela recolhe os pedaços do nosso interior e os orienta para Deus. Vigiar é manter acesa a chama da fé quando o mundo insiste em soprá-la. É guardar um espaço para o silêncio quando o barulho tenta nos engolir. É escolher Deus mesmo quando muitas outras escolhas parecem mais fáceis ou imediatas. Este Advento, iniciado no último domingo, abre para nós um tempo novo, e tempo novo significa oportunidade nova. Oportunidade de recomeçar, de reorganizar prioridades, de reacender o amor esfriado, de dar espaço para Cristo renascer em nós. Não um renascimento simbólico apenas, mas real: na forma como tratamos as pessoas, na maneira como enfrentamos dificuldades, no modo como administramos o tempo, nas escolhas que fazemos quando ninguém vê. Se Jesus é realmente o Amor que se faz presença, então a vigilância é justamente o cuidado para não deixarmos esse Amor passar despercebido. É uma atitude de quem espera com confiança, mas também de quem age com responsabilidade. Esperar o Senhor significa preparar-se: purificar intenções, renovar propósitos, abrir o coração. Cada ato de bondade, cada gesto de oração, cada renúncia feita por amor é como quem acende uma luz na casa da alma. Assim, quando o Senhor vier – e Ele virá – encontrará um coração iluminado, desperto e pronto. Que este Advento nos ensine, portanto, a viver vigilantes. Que desperte em nós a alegria de reconhecer Cristo hoje, no agora, na simplicidade da vida. Porque quem O acolhe agora, quem O ama na rotina, quem O busca nas pequenas coisas, não terá medo da Sua vinda definitiva. Pelo contrário, a reconhecerá como o abraço esperado daquele que já era presença íntima e amada em cada passo do caminho.



