A oportunidade do silêncio
Diocese de Barretos - 18 de janeiro de 2025

A oportunidade do silêncio
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Por Seminarista Matheus Flávio, 4º de Teologia.
O silêncio pode ser definido como a ausência de sons, e como tem sido difícil momentos de silêncio atualmente. Além dos ambientes barulhentos em que estamos inseridos diariamente, também percebemos a necessidade de falar continuamente. Assim que algo ou alguém contraria as ideias, desejos ou opiniões de outro, existe imediatamente a necessidade de rebater.
É fundamental termos uma posição, nos colocarmos diante das situações e problemas que nos cercam, mas será que em alguns casos o silêncio não seria a melhor resposta? Muitas vezes a resposta não é elaborada, ou seja, não passa por um amadurecimento necessário, apenas é dada pelo impulso do momento, por contrariar uma convicção. Então não seria o silêncio a oportunidade para uma resposta mais concreta? E será que essa resposta não é mais importante para mim do que para as outras pessoas? Essas são algumas questões que podem ser feitas diante do distanciamento das nossas atitudes em relação ao silêncio, nos tempos em que vivemos.
Muitas famílias e amizades são abaladas ou até destruídas em discussões, que tornam-se pesadas, sobre política, religião, dinheiro, esportes e outros temas. As vezes também, ao expressarmos algum posicionamento nas redes sociais, sofremos um bombardeio de comentários. Diante das questões e dessas situações podemos considerar dois pensamentos.
Em um relato da vida de alguns monges beneditinos do século XI, um deles diz: “eu sempre acreditei que é melhor manter a boca fechada e deixar que as pessoas suspeitem que somos bobos, do que abri-la e provar que elas têm razão.” O Papa Francisco em uma de suas homilias na Casa Santa Marta disse: “Com as pessoas que não têm boa vontade, com as pessoas que buscam somente o escândalo, que buscam somente a divisão, que buscam somente a destruição também nas famílias: silêncio e oração.”
Para estarmos em um ambiente silencioso não é tão difícil, basta que nos retiremos a um lugar mais tranquilo. Já para silenciar um pouco a vontade de falar sempre e constantemente, existe uma tarefa mais exigente. É algo que estamos tão acostumados, que se ficamos em silêncio por determinado tempo, despertam-se sentimentos de angústia, desespero, desânimo, tédio, entre outros. Esses momentos, pelo contrário, devem ser oportunos para nos encontrarmos com nós mesmos, nossos pensamentos, questionamentos, orações, com maior tranquilidade e serenidade.
Aproveitando que estamos iniciando o tempo quaresmal, experimentemos cultivar atitudes silenciosas e buscar alguns minutos de silêncio durante o dia, para nos encontrarmos com nós mesmos e com Deus. Precisamos encarar o silêncio como uma oportunidade de crescer nas virtudes.
Peçamos ao Senhor que nos dê a graça do discernimento quando devemos falar e quando devemos calar, em casa, no trabalho, na sociedade, para sermos mais imitadores de Jesus.