A quem servimos?
Diocese de Barretos - 3 de agosto de 2025

A quem servimos?
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Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos
Já no tempo de Jesus, ou melhor, em todos os tempos a divisão da herança tornou-se ocasião para rivalidades, acusações, disputas. Quando o evangelista diz que alguém procurou Jesus para pedir-lhe que ordenasse ao seu irmão dividir a herança com ele, revela justamente mais destes casos em que os bens que devem tornar-se motivo para aproximar, unir as pessoas, torna-se motivo para dividi-las e criar inimizade entre elas. Jesus, por sua vez, não se submete a esta questão; mas, toca no que está na raiz dela: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens” (Lc 12, 15). A resposta de Jesus é clara a avareza, a busca desenfreada dos bens, das riquezas é uma ilusão. Embora os bens sejam necessários para podermos viver bem, não podemos colocar neles a nossa segurança, pois mais ou mais tarde eles passam, chegará o momento que deveremos partir e não poderemos levar conosco o que acumulamos. Para ilustrar isso, Jesus conta a parábola do rico que após uma colheita abundante pensa consigo que recolhendo o trigo com todos os seus bens tem garantida a vida para sempre. É a única vez que numa parábola, Jesus se serve de um termo de desaprovação: “Louco!” ele diz referindo-se a este homem; pois, naquela mesma noite ele deverá prestar contas da sua vida para Deus; e, embora tenha acumulado muitos tesouros para si mesmo não era rico diante de Deus. Para o personagem da parábola os bens era tudo o que ele podia esperar para a sua vida. Os bens eram tudo para ele. Não era capaz de pensar a sua vida sem os seus bens. Devido ao seu apego ele tornou-se um egoísta crônico. Em momento algum ele pensa nos seus parentes necessitados, ou em socorrer os que viviam na indigência. Ao contrário, ele colocou nos seus bens a sua segurança. Jesus dirá: “Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um para amar o outro, ou se apegará a um, desprezando o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro” (Lc 16,13). Jesus não disse “não podeis servir a Deus e ao diabo”; mas “a Deus e ao dinheiro”. Alimentados pela palavra de Jesus pensemos que a verdadeira felicidade nessa vida é tornar-nos ricos para Deus, amando como Ele ama, sendo generosos com os outros, assim como na sua generosidade Deus ao fazer-se um de nós tornou-se pobre, para enriquecer-nos com a sua pobreza.