A sede da samaritana e a sede de sentido
Diocese de Barretos - 22 de outubro de 2025
A sede da samaritana e a sede de sentido
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Por Pe. Flávio Pereira, Vigário Catedral, Barretos-SP
Por vezes, algumas coisas acontecem na vida e parece que elas não possuem razão de ser e de existir. Diante disso, algumas perguntas podem ser lançadas, como: qual o sentido da vida? O que buscamos na vida? O que Deus espera de nós? O que esperamos em Deus? Para onde caminhamos, onde queremos chegar? Perguntas como essas são tidas como enigmas, até que paremos para as contemplar. A nossa sociedade é caótica, no sentido de que tudo se transforma e modifica em uma velocidade ímpar, e, quem não está ‘antenado em tudo’, tende a ficar para trás. Acompanhar as mudanças digitais e as evoluções que rapidamente acontecem é difícil. Talvez, diante de tudo isso, o homem se perca no seu caminhar, e as dúvidas comecem a pairar sobre ele; notoriamente, quando isso ocorre, ele perdeu o sentido de sua vida, ou melhor, o norte que o orientava. Um vazio ecoa dentro do ser humano quando ele se perde, quando perde o sentido de seu ser e existir. Viktor Frankl, filósofo e psiquiatra austríaco sobrevivente dos campos de concentração, enfatiza que a busca pelo sentido da vida é a motivação mais profunda do ser humano. Nessa mesma perspectiva, mas com o olhar bíblico, vê-se que a samaritana, a qual dialoga com o Senhor no poço, ao meio-dia, não possuía em si razão, a qual fora dada a partir das palavras ditas por Jesus a ela. A Palavra de Deus, como um todo, deve motivar a cada ouvinte a fazer a experiência de transformação, no que chamamos de conversão. Isso aconteceu com a samaritana. A água, que a mulher buscava cotidianamente, saciava momentaneamente sua sede, o que Cristo lhe oferece é uma água que sacia eternamente a sua e nossa sede. Quando Jesus se encontra com ela, em pleno meio-dia, ele lhe faz um pedido aparentemente simples: “Dá-me de beber.” A partir disso, o que ocorre é um diálogo que vai além da água física. Jesus lhe diz: “Quem beber desta água terá sede novamente, mas quem beber da água que eu lhe der, este nunca mais terá sede.” A mulher intrigada lhe responde: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede nem precise vir aqui buscá-la (Jo 4,4-30)”. Neste texto bíblico, pode-se dizer que a mulher samaritana representa aquele que busca preencher um vazio com recursos limitados, e por vezes, falhos. Ela teve cinco maridos e o homem com quem vivia não era seu esposo. Por diversas vezes, ela fez tentativas a fim de preencher o seu vazio interior com relacionamentos, os quais revelam uma busca frenética por algo mais profundo. Quantos de nós não fazemos o mesmo? Ela, após se encontrar com Jesus, abandona o cântaro e vai à cidade contar o que lhe aconteceu. Tal gesto de abandonar o cântaro, representa uma transformação radical em sua vida. Não era mais necessário ela buscar água naquele poço, pois havia encontrado algo mais profundo: o sentido de sua existência!



