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Adão gerou Eva de sua costela Maria gerou Jesus no seu ventre

Diocese de Barretos - 9 de janeiro de 2025

Adão gerou Eva de sua costela Maria gerou Jesus no seu ventre

Adão gerou Eva de sua costela Maria gerou Jesus no seu ventre

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Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos. 

O primeiro dia do ano que inaugura um novo ciclo anual é liturgicamente comemorado com a solenidade da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus. De fato, para os cristãos católicos latinos e ortodoxos, a Virgem Maria ocupa um lugar privilegiado na tradição da fé: Ela é a nova mulher, a nova Eva, que o Arcanjo Gabriel saudou com o “Ave”, isto é, Salve Maria, recorrendo a este título honorífico atribuído ao imperador César na Antiga Roma.

A literatura paulina que desenvolveu tão belamente a teologia do “Cristo novo Adão” (cf. 1Cor 15,45-47 e Rm 5,12-21), inspira-nos a reconhecer em Maria a nova Eva que com o seu “sim” gracioso contrapôs o “não” pecaminoso dado pela primeira humanidade significada nas pessoas paradisíacas de Adão e Eva.

Notoriamente, a primeira mulher, Eva, tem sua origem no primeiro homem, Adão, a ponte deste afirmar: “Desta vez, esta é carne de minha carne e osso de meus ossos” (Gn 2,23). Entretanto, no mistério divino da encarnação do Verbo, o processo é inverso: é a mulher, Maria, a Nova Eva, quem gera Jesus na carne do seu ventre. Embora gozando de toda pureza pessoal e toda santidade externa no paraíso, Eva, a antiga mulher, foi desobediente e, juntamente com Adão, deram origem ao pecado, fazendo assim do Paraíso um Érebo, isto é, do lugar da morada da paz num lugar de insegurança e medo: “Ouvi vosso rumor no jardim e tive medo, porque estou nu e me escondi” (Gn 3,10). Por sua vez, Maria, a Nova Eva, embora gozando de toda santidade na carne, porque “concebida sem pecado original”, viveu num mundo que já não mais era um Paraíso, mas o mundo do pecado, da tentação, do medo e, mesmo assim, manteve sua pureza e obediência à vontade do Senhor: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

Se é verdade que, ao contrário de Eva, que foi gerada de Adão, é Maria quem gera na carne o Filho de Deus, também é verdade que Jesus, ao se encarnar no seio da Virgem Maria, gera nela a Maternidade Divina, fazendo da humilde e humana “serva do Senhor” na digníssima e santíssima “Mãe de Deus”. Assim, Maria passa de “discípula” a “Mestra”; ela é a Theotókos, a Mãe do Divino Filho de Deus.  Nenhuma outra mulher gozará desta condição de vida. Somente Ela se santifica pelo dom da Maternidade Divina. Todos os outros, por mais santos que sejam, o serão na condição de filhos de Deus. Ao gerar o Filho de Deus no seu ventre, a Virgem Maria é evocada pela boca do Filho de Deus como “Mãe” e não como filha.

Àquela que também a nós foi dada como Mãe, clamamos: “Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve!”.