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Ainda sobre o Golpe de 1964 (parte II)

karla-armani-medeiros - 23 de abril de 2024

Ainda sobre o Golpe de 1964 (parte II)

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani

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A tomada da República pelos militares já era ensaiada no Brasil desde os anos 1950, haja vista a tumultuada posse do presidente Juscelino Kubitschek em 1956, então garantida pelo Marechal Lott. Mas, voltemos aos fatos de 1964, objeto desta série que quer colocar luz ao aniversário de 60 anos do golpe de estado daquele ano.

Era 31 de março de 1964 quando soldados da 4ª Região Militar, em Juiz de Fora, desencadearam movimentação militar pelo país depois de avançarem sobre o Rio de Janeiro. O Congresso, então, reagiu em verdadeira ebulição. Jango estava no Rio de Janeiro e em seguida voou até Brasília no dia seguinte. Porém, a capital estava sitiada por tropas golpistas e, por isso, decidiu o presidente viajar para o Rio Grande do Sul. Ali, a intenção inicial era reunir tropas legalistas para resistir à ação golpista, deixando claro que não iria renunciar e solicitando aos seus aliados no Congresso a tarefa de defender seu mandato.

Com a hipótese da renúncia descartada e a certeza de que um impeachment não seria aprovado pela maioria dos congressistas, os líderes dos parlamentares insistiram na mentira de que Jango estava fora do país para declarar vaga sua cadeira de presidente da República. Sendo assim, na madrugada do dia 2 de abril, o Congresso estava um caos e os senadores e deputados foram chamados para uma sessão de urgência. No entanto, dos 460 congressistas, apenas 178 compareceram.

Darcy Ribeiro, chefe da Casa Civil, chegou a ler uma carta comunicando que Goulart, diante dos acontecimentos, tinha viajado para o Rio Grande do Sul, e, que, portanto, estava em solo pátrio. Mesmo assim, o senador barretense Moura Andrade, presidindo a sessão, sem nenhuma base constitucional, declarou vaga a presidência. Importante dizer que Andrade era rival político de Jango, e dias antes, em 15 de março, já havia declarado o rompimento das relações entre o Executivo e Legislativo. Chamava Jango de comunista por conta da defesa das reformas de base já anunciadas pelo presidente e já havia divulgado manifesto pedindo que as Forças Armadas estabelecessem a ordem no país. Andrade foi personagem central naquele 1964. [continua].

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani