Por Pe. Daniel Canevarollo, Vigário São Benedito, Barretos-SP

A liturgia da palavra de Deus de hoje reflete o evangelho de São Lucas 11,37-41 que apresenta a cena de Jesus que ao ser convidado para uma refeição na casa de um fariseu, surpreende seus anfitriões ao não realizar o ritual de purificação das mãos antes de comer. A ocorrência de espanto do fariseu dá a Jesus a oportunidade de confrontar a hipocrisia e a religiosidade vazia, chamando a atenção para a verdadeira santidade, “aquela que vem do coração”. Jesus questiona a incoerência do fariseu: "Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior?" (Lc11,40). Com essa pergunta, Jesus aponta para a soberania de Deus, o Criador. Deus não se interessa apenas pela fachada ou embalagem. O mesmo Deus que criou o exterior é o que formou o interior. A santidade, portanto, deve ser um reflexo da unidade entre o que somos por dentro e o que mostramos por fora, ou seja, através do testemunho de nossa vida. A proposta de solução de Jesus vai além de simples declarações. Ele sugere um caminho para a verdadeira purificação: “Dai, pois, de esmola o que possuís, e tudo vos ficará limpo” (Lc11,41). A esmola, neste contexto, não é apenas um ato de caridade, mas uma expressão de um coração convertido. Ao compartilhar com o próximo, o fiel demonstra que seu coração está livre do apego às coisas materiais e focado no amor a Deus e aos outros. Essa atitude de generosidade purifica o interior e, por consequência, santifica também o exterior. Como já consideramos no mês de setembro o mês da bíblia, “a palavra de Deus, é atemporal, ela é viva e eficaz” em uma sociedade que valoriza a imagem e a superficialidade, o alerta de Jesus neste evangelho ecoa com força. A verdadeira santidade não se mede pelas aparências, pelas postagens nas redes sociais ou pelas manifestações públicas de fé. A santidade genuína se manifesta em um coração transformado, livre do egoísmo e da maldade, e que se traduz em ações concretas de amor e caridade. Através da reflexão da palavra de Deus temos um convite para que a nossa limpeza não seja apenas externa, mas que a nossa purificação venha de dentro, de um coração totalmente entregue a Deus. Façamos esta experiência concreta de santidade interior para colhermos muitos frutos de amor e serviço aos irmãos. Viver a santidade sustentados pelos atos de comunhão e verdade pode não ser o caminho mais fácil, mas com certeza é o caminho necessário para aqueles que querem viver a paz!