Algumas características da santidade no mundo atual
Diocese de Barretos - 29 de novembro de 2025
Algumas características da santidade no mundo atual
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Por Diác. Matheus Flávio, São Gabriel Arcanjo, Jaborandi-SP
Continuando a leitura da exortação apostólica do Papa Francisco sobre a santidade nos dias atuais, hoje, no quarto capítulo, ele nos apresenta algumas características da santidade no mundo atual. O Papa Francisco, ao refletir sobre as características da santidade no mundo atual, propõe um caminho espiritual fundamentado nas Bem-aventuranças e em Mateus 25,31-46, destacando cinco traços essenciais: paciência e mansidão, alegria, ousadia, vida comunitária e oração constante (n.110-111). A primeira característica é a “suportação, paciência e mansidão”, virtudes que brotam da firmeza em Deus. O santo, segundo Francisco, é aquele que “permanece centrado, firme em Deus que ama e sustenta” (n.112). Essa fidelidade o torna capaz de “aguentar as contrariedades” e de responder ao mal “com o bem” (Rm 12, 21). A verdadeira força, portanto, “não é sinal de fraqueza, mas da verdadeira força, porque o próprio Deus é paciente e grande em poder” (Na 1,3). A humildade e a mansidão, formadas pela graça, impedem que o cristão “seja arrastado pela violência” e o tornam capaz de “guardar silêncio sobre os defeitos dos irmãos” (n.116). Francisco recorda que “a humildade só se pode enraizar no coração através das humilhações” (n.118), pois é por esse caminho que o fiel se torna semelhante a Cristo: “Cristo padeceu por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos” (1Pd 2,21). A segunda característica é a alegria, fruto do amor. O santo é “capaz de viver com alegria e sentido de humor” (n.122), irradiando esperança mesmo nas provações, pois “ser cristão é alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17). Essa alegria “não é a consumista e individualista”, mas a que nasce da comunhão e da partilha, porque “há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20,35). A terceira marca é a ousadia missionária, ou parresia. A santidade, diz o Papa, “é ousadia, é impulso evangelizador” (n.129). Francisco exorta os cristãos a não se deixarem dominar pelo medo: “Não temais! (...) Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28,20). A coragem apostólica, movida pelo Espírito, leva o discípulo a “lançar-se em águas mais profundas” (Lc 5,4) e a ir “às periferias”, onde Cristo já está presente (n.135). A quarta dimensão é a vida em comunidade, pois “a santificação é um caminho comunitário” (n.141). O santo cresce entre os irmãos, nos “pequenos detalhes do amor” (n.145), como os gestos simples de cuidado e partilha que revelam a presença do Ressuscitado. Por fim, a santidade se sustenta na oração constante, expressão da abertura a Deus: “Não acredito na santidade sem oração” (n.147). A oração, como ensina Santa Teresa, é “permanecer muitas vezes a sós com Quem sabemos que nos ama” (n.149). Nela, o cristão escuta, contempla e adora, deixando que a Palavra e a Eucaristia o transformem, pois “Cristo é a nossa paz” (Ef 2,14) e “a Palavra tem em si mesma a força para transformar a vida” (n.156).



