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Amor por amor

Diocese de Barretos - 27 de setembro de 2025

Amor por amor

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Por Diác. Matheus Flávio, São Gabriel Arcanjo, Jaborandi-SP

Nos últimos sábados temos feito um percurso pela carta encíclica Dilexit nos do Papa Francisco. Hoje chegamos ao último capítulo dessa última carta do saudoso Papa Francisco, que trata sobre o amor humana por divino do Coração de Jesus. O último capítulo, centrado no tema “Amor por amor”, apresenta a espiritualidade da reparação como resposta ao amor de Cristo. Segundo as revelações a Santa Margarida Maria, Jesus se mostra ferido pela indiferença dos homens diante do seu amor. Ele mesmo afirma: “Tenho sede, mas uma sede tão ardente de ser amado […] que esta sede me consome” (n. 166). A devoção ao Sagrado Coração nasce, portanto, de um pedido: que o amor seja correspondido. Como sublinha o texto, a reparação consiste essencialmente em “pagar amor por amor” (n. 166). Esse amor, porém, não se limita a um exercício devocional, mas deve se prolongar no amor concreto ao próximo. O Evangelho recorda que “sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt 25,40). Assim, o coração transformado por Cristo se torna capaz de amar com os sentimentos dele: “Tende entre vós os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus” (Fl 2,5). A tradição cristã sempre entendeu a reparação como uma forma de prolongar no mundo a caridade de Cristo. O testemunho dos primeiros cristãos impressionava até os pagãos. O imperador Juliano reconhecia, com admiração, que “o ateísmo dos cristãos, além de apoiar os seus pobres, também amparava os nossos” (n. 170). Dessa forma, a espiritualidade da reparação não significa apenas consolar Jesus, mas colaborar para que seu amor circule e cure as feridas do mundo. João Paulo II insistia que “o cristão é chamado a reparar o mal presente no mundo, construindo a civilização do amor” (n. 182). Essa perspectiva desloca a reparação de uma atitude apenas penitencial para uma dimensão positiva e transformadora, marcada pela ação missionária e fraterna. O caminho de Santa Teresinha do Menino Jesus ilustra bem essa compreensão. A jovem carmelita percebeu que “o Senhor não exige grandes obras, mas somente o abandono e a gratidão”. Por isso, ao falar do desejo de “atrair sobre si os castigos merecidos pelos pecadores”, ela mesma corrige essa visão e proclama a confiança no Amor misericordioso: “Eu escolho tudo! Não quero ser santa pela metade. Entrego-me ao Amor” (nn. 195-198). Reparar, nesse horizonte, significa deixar-se amar e tornar-se canal para que o Amor de Cristo alcance os outros. Por fim, o texto mostra o alcance missionário da espiritualidade do Coração de Jesus. Reparar é também evangelizar, pois quem experimenta esse amor não pode guardá-lo apenas para si.