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Amor que dá de beber – segunda parte

Diocese de Barretos - 20 de setembro de 2025

Amor que dá de beber – segunda parte

Amor que dá de beber – segunda parte

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Por Diác. Matheus Flávio, São Gabriel Arcanjo, Jaborandi-SP

Continuando a leitura da carta encíclica Dilexit nos do Papa Francisco, hoje estamos no quarto capítulo, na segunda parte. Nesta parte, vamos perceber o testemunho de alguns santos em relação a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. São Cláudio de La Colombière tornou-se o grande defensor das experiências de Santa Margarida Maria, iluminando a devoção ao Sagrado Coração à luz do Evangelho. Ele destacou que a contemplação do Coração de Cristo não conduz à vanglória, mas a “um abandono indescritível em Cristo que enche a vida de paz, segurança e decisão” (n. 126). Sua célebre oração exprime essa confiança radical: “Toda a minha confiança está fundada nesta minha mesma confiança. Ela nunca enganou ninguém. […] Estou seguro de que serei eternamente bem-aventurado, porque espero firmemente sê-lo, e é de Vós, ó meu Deus, que o espero” (n. 126). Nos Exercícios Espirituais, via em Cristo um coração “sem amargura, sem azedume, cheio de verdadeira ternura para com os seus inimigos” (n. 128). São Charles de Foucauld reformulou, sem o pretender, elementos dessa devoção. Em 1889, consagrou-se ao Sagrado Coração, confessando: “Cumulastes-me de tantos benefícios que me parece ser uma ingratidão […] não crer que o vosso coração esteja pronto a cumular-me de todo o bem” (n. 131). Sua espiritualidade condensava-se no desejo de “deixar viver em mim o Coração de Jesus, de modo que já não seja eu a viver, mas o Coração de Jesus que viva em mim” (n. 132). Também Santa Teresinha do Menino Jesus viveu intensamente esta devoção, mas com características próprias, centradas na intimidade e confiança. Aos quinze anos resumiu sua experiência: “Aquele cujo coração batia em uníssono com o meu” (n. 134). Mais tarde escreveu: “O coração do meu Esposo é só meu como o meu é só d’Ele” (n. 134). Ela insistia na confiança ilimitada: “Ainda que eu tivesse cometido todos os crimes possíveis, mesmo assim teria sempre a mesma confiança” (n. 137). Contra uma espiritualidade excessivamente moralista, afirmava: “Só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor” (n. 138). Para Teresa, “o mérito não consiste em fazer nem em dar muito, mas antes em receber” (n. 139), bastando “ganhar Jesus pelo coração” (n. 140). Na Companhia de Jesus, esta devoção encontra raízes nos Exercícios de Santo Inácio, que convida a entrar no Coração traspassado de Cristo. Como dizia São Pedro Fabro, trata-se de um verdadeiro “mestre dos afetos” (n. 144). Por isso João Paulo II afirmou que a devoção corresponde ao espírito inaciano, pois “o desejo de ‘conhecer intimamente o Senhor’e de ‘ter um colóquio’ com Ele, coração a coração, é caraterístico […] do dinamismo espiritual e apostólico inaciano” (n. 147). Enfim, a devoção ao Sagrado Coração é fonte de confiança, compaixão e consolação: “Desejando consolá-lo, saímos consolados” (n. 161).