No tempo da poda, a árvore dá a impressão de que derrama lagrimas, e o insensível podador corta os galhos sem compaixão, despoja a árvore de seus braços e raleia impiedosamente sua ramagem. Por cada uma das feridas a árvore destila o sangue de seu queixume ou de seu protesto. É como se a alma da árvore erguesse o grito contra semelhante ofensa. Contudo, isso serviu para que essa alma se contraísse e encolhesse durante longos dias de inverno e assim, não fosse alcançada na interioridade de sua seiva, pelo frio que mata. Logo chega a primavera, e os brotos anunciarão que a árvore não está morta, mas também havia recuperado nova vida, nova pujança, nova fecundidade em flores e frutos.
Na vida, a dor desempenha o papel de podador. Talvez pode-se queixar com pessimismo, porém, se existir fé, a dor se une a dor redentora de Cristo, e isso pode se traduzir em renovada força na caminhada.
O inverno não é a morte; é a reconstrução da vida, que logo rebenta na primavera com as flores e no verão com os frutos, devem sair e se manifestarem. Do contrário em que pese a atividade de cada um, pode-se dizer que na verdade o indivíduo está morto, como o poeta cantou: “ Não são os mortos que em doce calma, na paz repousaram na tumba fria. Mortos são os que tem a alma morta, e vivem todavia”.
A primavera é a estação da abundância, da esperança, dos renascimentos , da fertilidade e de explosão de cores, cheiros e sabores. É a estação da força da terra e da natureza, onde tudo brota depois da escassez e do inverno. É a estação dos polens e das abelhas, das mil flores e cores.
Contagiados por sua potência, todos encontram inspiração para florescer e renascer junto com a natureza, que se exibe no mais colorido espetáculo da terra.    Paisagens multicores,  temperatura amena e dias mais longos são um especial convite para o abraço colorido da natureza.
A cantoria das aves é marcante, e o nascimento dos filhotes  atesta  a renovação da vida, em uma estação em que cada dia e um presente em flor.
Viva a primavera!