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As casas que habitam em mim

O Diário - 25 de outubro de 2025

As casas que habitam em mim

Cláudia Lima  - Cirurgiã-Dentista, Ortodontista

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Dentro de mim habitam muitas casas. A minha preferida é a da minha mãe. Alta, imponente, com paredes brancas. Da janelinha da porta de entrada eu via o mundo na pontas dos pés. A sala era nosso ponto de encontro. Meus melhores natais e anos novos foram ali com minha mãe, meus irmãos, sobrinhos, tios, primos e cunhados. A casa das minhas férias tem soldados, quadras de esportes, muito verde. Ela fica dentro do quartel em São Vicente. Junhos e janeiros eram no prédio dos oficiais, logo no primeiro andar. E as melhores casas pra passear eram as casas das minhas tias. Em Riolândia, era tudo simples, mas era muito peculiar. Uma cadeira de balanço de deitar feita de corda verde ficava plena no meio da sala, em frente a TV. E uma caixa d’água enorme ficava no fundo da casa para falta d’água. Tinha um quarto que tinha uma passagem pra cozinha. Depois minha tia fechou a passagem. Eu lembro a última vez que fui em Riolandia. Nesse dia, eu guardei a casa e a cidade no meu coração pra sempre. Tinha a casa dos meus tios em Olímpia. Lá tinha o maior quintal do mundo. Fecho os olhos e vejo tudo que tem lá. E vejo a cozinha da minha tia e estamos sempre tomando café e conversando.

Nenhuma casa existe mais. Só as paredes estão lá. Uma ou outra logo serão demolidas. Elas só existem dentro de mim. As casas que moram em mim têm paredes de amor, são cheias de vida e muita cor. As casas que moram em mim são eternas.