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As cigarras e as pinturas

karla-armani-medeiros - 12 de abril de 2022

As cigarras e as pinturas

As cigarras e as pinturas

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O ambiente do Grêmio Literário e Recreativo é por si nostálgico, mesmo para pessoas que, como eu, não vivenciaram o seu passado. Ao nos depararmos com o espelho em arabescos, as telas e o piano em sua sede social, é como se os tempos idos tomassem forma diante nossos olhos. Interessante sensação que pude experimentar no último sábado, ocasião da abertura da exposição "Meninas Bailarinas" - uma parceria entre a Academia Barretense de Cultura, o Grêmio e o estúdio Guta Bampa Ballet; cuja curadoria é da acadêmica barretense Conceição Ribeiro Borges.

 


As telas elegantes e delicadas das bailarinas me reascenderam momentos que o Grêmio já vivenciou antes mesmo de ser ali na 19 a sua sede social. Quando a sua casa era à rua 18, em frente à Praça Francisco Barreto, teve o clube algumas interessantes exposições de obras de arte. Em 1936, por exemplo, no dia 29 de março, foi inaugurada a "Exposição de Bellas Artes", uma mostra organizada pelo próprio Grêmio com técnicas diversas: desenhos a lápis, a crayon e a aquarela, quadros a óleo e a pastel, fotografias, esculturas e arquitetura. Entre os expositores, 21 artistas amadores e profissionais apresentaram suas produções. (Imaginem essas fotografias...).

 


Por outro lado, o Grêmio também emprestava sua casa para expositores vindos de outros lugares. O caso mais antigo foi a exposição do pintor Barbosa Gonçalves, que, em 1919, exibiu seus quadros na "sala da Praça Francisco Barreto". Nos anos 1940, época de civismo aflorado pela política do Estado Novo, recebeu o Grêmio a "8ª Montra Nacionalista", em 1941, com obras de temáticas patrióticas e autores conhecidos como Campos Ayres, Ginno Bruno e Manoel Lopes de Barros. No ano seguinte, foi a vez da artista Antonieta J. Green expor suas fotografias à porcelana.

 


E como é que eu sei disso? São as cigarras que não sossegam em minha mente toda vez que adentro o centenário Grêmio. Para quem ainda não as conhece, o meu livro "De onde cantam as cigarras" conta um pouco dessas histórias.