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Às mulheres, mais homenagens

karla-armani-medeiros - 8 de março de 2022

Às mulheres, mais homenagens

Às mulheres, mais homenagens

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Inimaginável viver numa sociedade em que às mulheres a indiferença valia até mesmo ao sobrenome. E, essa realidade não faz tanto tempo assim. Ainda no século XIX, a maioria das mulheres era comumente anônima em seus registros civis, uma vez que os seus sobrenomes eram consignados com alusões à religiosidade, como "Maria", "de Jesus" ou "da Conceição". Somente raras mulheres de alta posição social carregavam uma lista de sobrenomes tradicionais de seus pais e maridos.

 


Exemplo principal do caso dos sobrenomes sacros é o das matriarcas de Barretos, aquelas que hoje são molduradas em estátuas na praça central: Ana Rosa de Jesus e Joaquina Cândida de Jesus. Duas mineiras que, junto às famílias, migraram a essas terras e se tornaram fundadoras do arraial quando seus familiares decidiram doar parte do patrimônio à formação da vila.

 


Situação diferente de mulheres com extensos sobrenomes, como o caso de Henriqueta Laudemira de Lima Franco, conhecida pela alcunha de "Rainha do rio Pardo". Também de família mineira, enviuvou-se jovem e com a missão de cuidar das terras, da família e dos filhos, administrou com mãos de ferro a fazenda Coqueiros, à beira do rio Pardo, acumulando um vasto patrimônio regional. Outra também não anônima em seu sobrenome era Victorina Ozória Brigagão Silvares, este último sobrenome ela desfez ao se divorciar do marido. Em 1927, Victorina doou suas terras no bairro "Outro Mundo" ao patrimônio da igreja de Nossa Senhora do Rosário; um ato de benemerência.

 


Mesmo com a ausência de sobrenomes ou carregando uma lista deles, as mulheres em Barretos trabalharam e muito contribuíram para o desenvolvimento da cidade. Muitas delas são desconhecidas e não estampam nomes de ruas, praças ou escolas. Hoje, Dia da Mulher, é uma oportunidade para que as homenagens, em especial na Câmara Municipal, se façam pelo (re)conhecimento. (A sacralidade e o romantismo, dispensamos, ficaram lá no século XIX).