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Assunção de Nossa Senhora

Diocese de Barretos - 17 de agosto de 2025

Assunção de Nossa Senhora

Assunção de Nossa Senhora

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Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos

Ao celebrar a Assunção de Nossa Senhora ao céu em corpo e alma a liturgia coloca à nossa frente o episódio do encontro de Maria, a Mãe do Senhor com Isabel sua parente que embora de idade avançada encontrava-se no sexto mês de gravidez. Trata-se de um texto com várias citações do Antigo Testamento que revelam a importância desse encontro. Entre as expressões significativas deste texto destacam-se as palavras de Isabel: “Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?” (v. 43). É a mesma expressão utilizada por Davi quando transportou para Jerusalém a arca da aliança na qual se acreditava estar presente o Senhor. Ao acolhê-la o rei exclamou: “Como entrará a arca do Senhor em minha casa?” (2Sm 6,9). Há alguns detalhes que relacionam a visita de Maria em paralelo com o episódio da arca da aliança: tanto Maria quanto a arca permanecem “três meses” em uma casa da Judéia. A arca é recebida com danças, gritos de alegria, cantos de festa e é motivo de bençãos para a família que a acolhe (2Sm 6,10-11) e Maria, entrando em casa de Zacarias, faz exultar de alegria o pequeno João Batista que representava todo o antigo Israel que aguarda a chegada do Salvador. Lucas, assim, procura apresentar Maria como a nova arca da aliança. Ao fazer-se homem, Deus não habita mais em construções de pedra, mas no ventre de uma mulher. O filho de Maria é o próprio Senhor. O sinal incontestável da presença da arca da Aliança é a alegria. Aonde quer que chegue, Maria provoca uma explosão de alegria – o pequeno João exulta de felicidade, Isabel proclama a sua alegria por ser visitada pelo Senhor, os pobres exultam porque chegou o momento da sua libertação. Mas no breve diálogo Maria é proclamada “bem-aventurada” porque acreditou no cumprimento das palavras do Senhor (v. 45). Quantas promessas Deus fez pela boca dos profetas! Quando, porém, elas demoraram para realizar-se, os homens duvidaram da fidelidade do Senhor. Preferiram confiar em si mesmos, nos seus raciocínios, nos seus projetos e acabaram por ir ao encontro de insucessos sistemáticos, Maria ao invés é “bem-aventurada! Porque confiou em Deus, cultivou a certeza de que, apesar das aparências contrárias, a palavra do Senhor se cumpriria. “Bem-aventurada és tu que creste”. É essa a primeira bem-aventurança que se encontra no evangelho de Lucas. Maria é bem-aventurada não porque viu, mas porque confiou na palavra de Deus. A fé autêntica – aquela da qual Maria dá prova – não necessita de demonstrações, de verificações, funda-se somente sobre a escuta da Palavra e se manifesta na adesão incondicional à própria Palavra. O cântico do Magnificat expressa a acolhida que Maria faz da Palavra de Deus na sua vida. Em breves palavras Maria diz que quem deve ser glorificado é Deus e não ela; e as maravilhas de Deus consistem em acolher os pequenos e servir-se deles para realizar o seu projeto de salvação.