Automedicação: um hábito perigoso disfarçado de solução rápida
O Diário - 27 de setembro de 2025
Yasmim Valeo Bueno – estudante do 3º período do curso de medicina da FACISB, orientada pela profª Andrea Carla Celotto
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A automedicação, prática comum entre os brasileiros, consiste no uso de medicamentos sem prescrição ou acompanhamento profissional. Segundo a ANVISA, essa conduta pode causar sérios riscos à saúde como reações adversas graves e até óbitos. Ainda que pareça uma solução prática diante de sintomas leves, como dor de cabeça ou febre, essa escolha pode mascarar doenças mais graves e atrasar o diagnóstico correto. Um dos maiores perigos da automedicação é o uso indiscriminado de antibióticos, que contribui para a resistência antimicrobiana, em que microrganismos se tornam resistentes aos medicamentos. O resultado é o surgimento de superbactérias, que estão cada vez mais resistentes aos tratamentos por serem frequentemente expostas a eles. Medicamentos de venda livre, como analgésicos, antitérmicos e antiácidos, também são amplamente utilizados sem orientação, passando a falsa ideia de que são inofensivos. Analgésicos como paracetamol e dipirona, se não ingeridos na dose correta, podem ser tóxicos ao organismo; o paracetamol, inclusive, pode causar sérios danos ao fígado. Anti-inflamatórios como o ibuprofeno, quando usados com frequência, estão entre as causas de problemas gastrointestinais, como gastrite e úlceras. Além disso, o uso contínuo desses medicamentos pode mascarar sintomas importantes, dificultando o diagnóstico correto, o que pode atrasar e reduzir a eficácia de um tratamento. Mesmo os antiácidos, ao serem utilizados de forma prolongada, podem interferir na absorção de nutrientes e provocar outros efeitos adversos. Diante desses riscos, é fundamental buscar orientação médica antes de iniciar qualquer tratamento por conta própria. O uso racional de medicamentos não significa restringir o acesso, mas garantir que ele ocorra de forma segura e eficaz. A automedicação pode parecer um atalho, mas frequentemente se transforma em um caminho perigoso e, para evitá-lo, é essencial procurar ajuda profissional.



