Barretos é realmente a terra do peão?
O Diário - 31 de agosto de 2025

Kleber Aparecido da Silva é Professor Associado 4 do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais e em Linguística na Universidade de Brasília. Foi Visiting Scholar em Stanford University, Penn State University e CUNY Graduate Center, em New York. É Bolsista em Produtividade em Pesquisa pelo CNPq
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Qual é a imagem que lhe veem a sua mente quanto se faz menção à Barretos? A cidade referência no tratamento de câncer tanto no Brasil quanto no exterior. Talvez a capital “country” do país com um sotaque identificado na literatura linguística (até certo ponto preconceituosa) como o “r” caipira. Certamente Barretos foi, é e continuará gozando de prestígio tanto no âmbito nacional quanto internacional seja no âmbito linguístico e (inter) cultural. Para muitos estudiosos, o rodeio é uma forma de exteriorização e materialização de uma cultura popular. Certamente defendo a ideia de que esta cultura deva ser valorizada em nossa sociedade.
Porém, a meu ver, as escolas da rede pública e particular de ensino de Barretos deveriam explorar mais esta expressão cultural de grande valia em nossa sociedade por meio da materialização de projetos interinstitucionais e transdisciplinares. Ao passo que os/as diretores/as, coordenadores/as e educadores/as fizerem isto, promoveremos um processo de ensino e aprendizagem (tanto nas escolas da rede pública e/ou particular) mais condizente com os paradigmas que se vislumbram neste novo milênio e adequado ao contexto social em que estamos inseridos/imbricados.
Além disso, vejo também a necessidade da disseminação e valorização do falar e da cultura barrentese. Temos a concepção de supervalorizar o estrangeiro, até certo ponto idolatramos a língua(gem) e a cultura estrangeira, e desvalorizamos a nossa própria língua e cultura. Conforme nos reporta o linguista aplicado indiano, Kanaviilil Rajagopalan (2005, p. 45), da UNICAMP: “(...) o importante é, contudo, não se esquecer que, em última análise, os nossos alunos precisam adquirir domínio da língua estrangeira para o seu próprio bem (...). São eles que têm que aprender a dominar a língua inglesa, jamais deixando que a língua inglesa comece a dominá-los” (Ênfase adicionada). Que nós, quais barretenses, possamos valorizar a nossa própria língua e cultura.