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Blockchain e o futuro da confiança no trânsito

O Diário - 29 de junho de 2025

Blockchain e o futuro da confiança no trânsito

Carlos D. Crepaldi Junior. Advogado especialista em Gestão e Direito de TrânsitoEx-Conselheiro do CETRAN-SP . Diretor da ABATRAN

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Vivemos em uma sociedade onde confiança virou artigo de luxo. No mercado automobilístico, um carro que aparenta estar em boas condições pode esconder um histórico de sinistros, adulterações e até peças de origem duvidosa. Mas, o pior de tudo é que, muitas vezes, esses veículos possuem documentação em dia. É nesse contexto que o blockchain aparece como uma possível revolução no trânsito.

Com uma estrutura que impede alterações retroativas e garante a rastreabilidade das informações, o blockchain é capaz de transformar a forma como se registra a vida útil dos veículos, tornando possível o acesso ao histórico completo de manutenções, acidentes, troca de peças e a quilometragem real, de modo que a informação seja confiável e sem a possibilidade de manipulação.

O blockchain já é usado no Detran de São Paulo na transferência digital de veículos entre pessoas físicas, permitindo que o processo seja feito de forma totalmente online, em poucos minutos, sem necessidade de cartório ou papelada. 

Montadoras como BMW, Honda e Ford participam de iniciativas como a MOBI (Mobility Open Blockchain Initiative), que desenvolve padrões para criar passaportes digitais de veículos e até sistemas de pagamento automatizado para pedágios e estacionamentos. No Reino Unido, o governo testou soluções baseadas em blockchain para impedir fraudes em laudos veiculares, registrando inspeções técnicas de forma imutável. 

Em um país onde a burocracia ainda trava o acesso a serviços simples e onde a confiança nas instituições nem sempre é sólida, adotar tecnologias que garantam transparência e segurança não é luxo, mas sim necessidade. O uso do blockchain no trânsito não resolve todos os problemas, mas inaugura uma nova lógica. Menos papel, menos jeitinho e mais verdade. Talvez o uso da tecnologia seja o início de um trânsito mais justo, mais eficiente e, acima de tudo, mais confiável.