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Catarata: Entenda a doença que mais causa cegueira reversível no mundo

O Diário - 28 de setembro de 2025

Catarata: Entenda a doença que mais causa cegueira reversível no mundo

Catarata: Entenda a doença que mais causa cegueira reversível no mundo

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Oftalmologistas esclarecem sobre causas, tratamento e cirurgia relacionadas à catarata

Os oftalmologistas Dra. Daniela Monteiro de Barros (CRM 109.939) e Dr. Fernando Heimbeck (CRM104.673) orientam sobre a catarata, que é a  principal causa de cegueira reversível no mundo. Na entrevista a seguir, os especialistas esclarecem sobre diversos temas relacionados à doença.

O DIÁRIO: O que é a catarata?

DRA. DANIELA: A catarata é a opacificação do cristalino, a lente natural do olho responsável por focalizar as imagens na retina. Quando essa lente perde a transparência, a visão fica progressivamente embaçada. Trata-se da principal causa de cegueira reversível no mundo, mas felizmente existe tratamento seguro e eficaz.

O DIÁRIO: A catarata é exclusiva dos idosos?

DR. FERNANDO: Não. Apesar de ser mais frequente a partir dos 60 anos, a catarata também pode surgir em pessoas mais jovens. Isso pode ocorrer por traumas oculares, uso prolongado de determinados medicamentos - como os corticoides -, doenças metabólicas, especialmente o diabetes, ou até mesmo de forma congênita, quando o bebê já nasce com o cristalino opaco.

O DIÁRIO: Quais são os principais sintomas da catarata?

DRA. DANIELA: Os sintomas incluem visão embaçada, sensação de “neblina” constante, dificuldade para enxergar em ambientes pouco iluminados, percepção de halos ao redor das luzes, necessidade de aumentar a iluminação para leitura e troca frequente de óculos sem melhora significativa. Muitas vezes o paciente também percebe perda da vivacidade das cores.

 O DIÁRIO: A catarata dói?

Dr. FERNANDO: Na maioria dos casos, não. A evolução é lenta e indolor. Porém, quando a catarata atinge estágios muito avançados, pode aumentar a pressão intraocular e causar dor. Por isso, é importante não adiar a avaliação oftalmológica.

O DIÁRIO: Existe algum colírio que trate a catarata?

DRA. DANIELA: Não. Até o momento, não há medicamentos comprovadamente eficazes para reverter ou impedir a progressão da catarata. O único tratamento definitivo é a cirurgia, que substitui o cristalino opaco por uma lente intraocular artificial.

O DIÁRIO: Quando a cirurgia é indicada?

Dr. FERNANDO: O momento ideal da cirurgia não depende apenas do exame, mas também da qualidade de vida do paciente. Se a visão já interfere em atividades cotidianas como ler, dirigir ou reconhecer rostos, a cirurgia deve ser considerada. Hoje, não há necessidade de esperar a catarata “amadurecer” como se dizia antigamente.

O DIÁRIO: Como é feita a cirurgia de catarata?

DRA. DANIELA: O procedimento mais utilizado é a facoemulsificação, realizada com tecnologia de ultrassom ou laser. Por meio de uma microincisão, o cristalino opaco é fragmentado e aspirado. Em seguida, implanta-se a lente intraocular, que substitui a função óptica do cristalino. A recuperação costuma ser rápida e indolor, permitindo ao paciente retomar suas atividades em poucos dias.

O DIÁRIO: Quais os tipos de lentes disponíveis?

Dr. FERNANDO: Existem diferentes modelos de lentes intraoculares. As monofocais corrigem a visão para longe, mas geralmente exigem o uso de óculos para perto. Já as multifocais e as de foco estendido podem reduzir ou até eliminar a necessidade de óculos para diferentes distâncias. A escolha deve ser personalizada, considerando os exames, as necessidades visuais e o estilo de vida de cada paciente.

O DIÁRIO: A cirurgia é segura?

DRA. DANIELA: Sim. A cirurgia de catarata é uma das mais realizadas no mundo, com altas taxas de sucesso. Como todo procedimento médico, existem riscos, mas eles são minimizados com avaliação prévia detalhada, técnica adequada e acompanhamento pós-operatório.

O DIÁRIO: Qual a importância da consulta oftalmológica regular?

DR. FERNANDO: Fundamental. Muitas vezes a catarata é descoberta em exames de rotina, antes mesmo de causar grandes sintomas. Consultas regulares permitem diagnóstico precoce, orientação sobre o melhor momento para a cirurgia e também a detecção de outras doenças oculares que podem comprometer a visão.

O DIÁRIO: Qual a mensagem final sobre a catarata? 

DRA. DANIELA: A catarata não deve ser encarada como sentença de perda visual. Com diagnóstico adequado e tratamento cirúrgico, é possível recuperar a visão e melhorar significativamente a qualidade de vida.

DR. FERNANDO: O mais importante é não negligenciar os sintomas e manter acompanhamento com um oftalmologista de confiança. A visão é um dos sentidos mais preciosos que temos — e cuidar dela é preservar autonomia, saúde e bem-estar.