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Concordância Nominal

O Diário - 3 de maio de 2025

Concordância Nominal

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais 

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Dicas Gramaticais

A concordância nominal é um dos pilares que sustentam a precisão linguística na norma-padrão do português brasileiro, sendo tema central tanto em práticas escolares quanto em concursos públicos. Sua relevância reside no fato de que o uso adequado das regras de concordância contribui para a construção de textos coesos e claros. Além disso, compreender não apenas os casos gerais como também as situações específicas que envolvem flexões variantes ou obrigatórias é essencial para quem deseja expressar-se com propriedade na escrita formal. Diante disso, dois aspectos merecem destaque: a importância da concordância nominal para a coesão textual e os desafios presentes nos chamados casos especiais.

A concordância nominal garante harmonia entre os elementos que compõem o enunciado, promovendo clareza e fluidez à comunicação escrita. Por exemplo, ao se escrever “As decisões acertadas e coerentes foram fundamentais”, percebe-se que os adjetivos concordam em gênero e número com o substantivo “decisões”, preservando a lógica do enunciado. Outro caso ilustrativo ocorre na expressão “Pai e filha estavam emocionados”, em que o adjetivo é flexionado no masculino plural para abarcar os dois substantivos de gêneros distintos. Assim, observa-se que a concordância correta evita ruídos na interpretação e valoriza o texto, evidenciando o domínio da norma-padrão como um recurso fundamental para a construção de ideias precisas.

Além dos casos mais recorrentes, a norma-padrão do português apresenta construções específicas que exigem atenção especial quanto à concordância nominal, especialmente em contextos formais. Verbos impessoais com valor adjetivo, como em “É proibida a entrada de estranhos”, concordam com o termo determinado (“a entrada”), diferentemente de quando usados de forma genérica, como em “É proibido fumar”. Outro exemplo é o uso da palavra “obrigado”, que varia conforme o gênero do falante: um homem deve falar “obrigado”, ao passo que uma mulher deve dizer “obrigada”. Essas peculiaridades demonstram que a norma-padrão é, ao mesmo tempo, um instrumento técnico e uma arte de minúcias. Dominar tais sutilezas é como afinar um instrumento: os leigos ouvem som, mas apenas quem conhece a gramática ouve música.

Prof. Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais