Conhecendo mais sobre a Cardiologia: O que é a Ponte de Safena?
O Diário - 24 de outubro de 2025
Carolina Massarutto Cavarsan, estudante do 4. Período do curso de medicina da FACISB, orientada pelo prof. Sergio Luiz Brasileiro Lopes
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A cirurgia de revascularização miocárdica (CRM), popularmente conhecida como “ponte de safena”, é o tratamento padrão-ouro para pacientes com doença arterial coronariana multiarterial ou com acometimento do tronco da coronária esquerda. A doença aterosclerótica obstrutiva coronariana, frequentemente observada em diabéticos e idosos, ocorre quando as artérias que irrigam o coração (coronárias) ficam estreitadas devido ao acúmulo de placas de gordura (aterosclerose). Esse bloqueio compromete o fluxo de sangue e suporte de oxigênio para o coração, podendo evoluir para uma isquemia ou culminar em infarto agudo do miocárdio.
O termo “safena” refere-se a veia safena magna, que percorre a face medial da coxa. Durante o procedimento, um ou mais segmentos dessa veia são retirados por meio de incisões na perna. Por sua vez, “ponte” descreve a técnica de anastomose, em que uma das extremidades do enxerto é suturada à parede da aorta e a outra ao segmento da artéria coronária distal à obstrução, estabelecendo assim uma via alternativa para a perfusão miocárdica, contornando a área bloqueada e nutrindo o músculo cardíaco.
Um aspecto notável dessa cirurgia é a plasticidade tecidual: embora as veias possuam paredes mais finas e menos resistentes do que as artérias, ao serem submetidas à hemodinâmica arterial de alta pressão, os enxertos venosos passam por um processo adaptativo, adquirindo progressivamente características estruturais semelhantes às de uma artéria.
A escolha da veia safena magna como enxerto predomina em 90% das cirurgias de CRM. Tal preferência deve-se à sua localização superficial, que facilita a coleta; à sua relativa dispensabilidade, uma vez que vasos profundos mantêm o retorno venoso após a retirada; e ao seu comprimento, que permite a confecção de múltiplos enxertos a partir de um único segmento. Além disso, por estar sujeita a pressões ortostáticas variáveis em virtude da postura e do movimento, a safena apresenta uma adaptação hemodinâmica singular, o que pode pré-condicionar seus segmentos para suportar as exigências do sistema arterial após o implante.
A cirurgia tem duração média de 4 horas e promove o alívio dos sintomas, como dor no peito (angina) e fadiga. Além disso, impacta positivamente no funcionamento cardíaco e prolonga a expectativa de vida dos pacientes.



