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Daniel na Cova dos Leões

O Diário - 7 de agosto de 2025

Daniel na Cova dos Leões

Prof. Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais 

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Preposição correta, sentido preciso

Você sabia que a simples troca de uma preposição pode transformar um enunciado? Veja, ao se comparar as frases “Deus livrou Daniel da cova dos leões” e “Deus livrou Daniel na cova dos leões”, nota-se que a simples troca da preposição revoluciona completamente o que foi dito. Ou seja, muda a cena! Com a preposição “da”, Daniel sequer entra na cova; com “na”, ele está dentro dela, mas protegido. Essa simples variação revela o quanto a escolha correta da preposição influencia o sentido e a imagem construída. De fato, dois aspectos merecem destaque: o papel semântico de cada preposição e o valor espacial que certas formas contraídas inserem no discurso.

A substituição de preposições pode comprometer totalmente o entendimento da mensagem. No exemplo citado, a frase “Deus livrou Daniel da cova dos leões” indica que o profeta sequer entrou na cova; já “Deus livrou Daniel na cova dos leões” sugere que o livramento ocorreu dentro dela. Esse contraste semântico mostra que a preposição não é mero adorno, mas peça-chave na organização do pensamento, com força para transformar a narrativa e alterar profundamente a intenção original do enunciado. Inclusive, nesse caso, ela determina a imagem mental que o leitor forma da situação descrita.

Além disso, é preciso olhar para o valor espacial das preposições e de suas contrações. A preposição “na”, por exemplo, é o resultado da junção de “em” com “a” e expressa ideia de interioridade [estar dentro]. Ou seja, indica o lugar, o espaço delimitado da ação. Portanto, se mal escolhidas, as preposições podem desorientar o leitor, comprometendo a precisão do texto. No fim das contas, quando o tema é a clareza textual, a preposição deixa de ser coadjuvante e assume o papel de fio condutor entre linguagem e pensamento. Aliás, configura-se como o próprio trilho que conduz o leitor ao sentido correto.

Prof. Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais