A possível autorização de cursos de ensino à distância (EAD) para graduação em odontologia, que vem sendo discutida desde 2022, vai levar a retrocessos na saúde bucal no Brasil. É temerário que se autorize a formação de cirurgiões-dentistas sem que passem pela vivência clínica, fundamental para o exercício prático da profissão, sob pena de colocar-se em risco a saúde dos pacientes.

Como órgão fiscalizador e responsável por ações de proteção da população na área, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) se posicionou contra a ideia desde que foi lançada pelo Ministério da Educação (MEC). 

Habilidades práticas não podem ser dominadas sem a supervisão de professores. O aprendizado presencial possibilita que os alunos recebam orientações imediatas, contribuindo para o aprimoramento de suas habilidades.

O ambiente presencial proporciona aos estudantes a oportunidade de lidar com uma variedade de casos, preparando-os para os desafios emocionais e práticos que encontrarão em suas carreiras.

O MEC lançou uma consulta pública sobre o assunto em novembro de 2023 e o resultado levou o ministro Camilo Santana a suspender por 90 dias os processos de autorização de cursos à distância de odontologia.

Embora bem-vinda, a suspensão não significa o encerramento do assunto, pois ainda está pendente pelo MEC uma proposta de regulamentação de diversos cursos de graduação EAD. O CFO vai se manter vigilante enquanto essa possibilidade ainda for minimamente aventada. 

Por isso, o Conselho vai colocar o assunto em debate durante o 41º Congresso Internacional de Odontologia (CIOSP), que ocorrerá em São Paulo entre os dias 24 e 27 de janeiro. 

As novas tecnologias podem ser exploradas para complementar a formação profissional, mas não para substituir a experiência presencial. A inovação deve fortalecer os fundamentos que garantem profissionais preparados para os desafios do nosso país.

Juliano do Vale, presidente do Conselho Federal de Odontologia (CFO)