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“Desimportante”

rogerio-ferreira-da-silva - 31 de março de 2024

“Desimportante”

Rogério Ferreira da Silva é cirurgião dentista

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Muitas vezes não me acho importante, na verdade, na grande maioria das vezes me acho “desimportante” no sentido de importância. E confesso que isso muito me agrada e, por favor, não confunda com desinteressante (que vem da autoestima abalada), isso não, me sinto muito bem. Acho-me inclusive interessantíssimo, ainda que não acreditem...rs. Mas sim, sou “desimportante”, não precisam se preocupar com o que acho ou penso; podem dormir sem pensar em mim, os que gostam e os que odeiam, porque sou “desimportante”. Vou morrer um dia, como todos vocês que me leem agora, sem levar nada no caixão, a não ser as roupas que escolherem me vestir e as flores que vão me enfeitar. O que eu achava ou não, “desimporta”. Se o carro ou a casa, se a voz ou o preenchimento labial, se o implante de cabelo ou a careca, se o barco, se o ego, se gosta ou não de futebol, se torce ou não para o Santos, nada disso importa a ninguém, porque daqui a alguns anos todos nós estaremos no fundo da terra. Concordo, todos temos uma vida eterna esperando, aceitei verbalmente e reconheci a quem devo o valor; Ele tem o direito de me julgar, mais ninguém. Mas nessa nossa vidinha cotidiana de quem fala mais bonito ou tem o carro mais polido, ah... essa vida vai para o beleléu! Também me agrada muito saber da vida terrena finita, me faz sentir valor no cotidiano e ordinário, no momento aparentemente fútil e inútil. Pode parecer até sem valor e é ali que está todo o valor. Seja na amizade, seja na lembrança de quem eu fui e nunca deixarei de ser. Dá lembrança de estar varrendo o chão do meu primeiro consultório às 11 da noite sozinho, para chegar ao outro dia às 06h30 e o paciente ter a sensação de que tinha uma funcionária que fazia isso, e não eu. O cotidiano é ordinário, ou seria extraordinário, resgatando momentos de fé e amizade, porque sabemos que vamos todos para o mesmo lugar sem carregar nada, só o que ensinamos e deixamos como valor, e não a casa da praia que compramos. A amizade e seus atos ficam para sempre. Dedicado aos meus amigos. Uma boa Páscoa junto aos seus e um bom domingo!