Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos

Advento significa chegada. Iniciamos hoje um novo tempo na vida da Igreja. Um tempo que nos lembra do Deus que continuamente vem e que nos convida a ir ao seu encontro. Um tempo que nos fala da importância de nos mantermos acordados, vigilantes para que a chegada do Senhor não nos encontre de surpresa. Jesus no trecho que ouvimos neste domingo (cf. Mt 24, 37-44) nos diz que ele voltará não mais na condição de um humilde desconhecido, mas como o “Filho do Homem”, um termo utilizado pelo profeta Daniel para referir-se ao Messias glorioso que haverá de manifestar a sua glória, diante de todas as nações revestido de majestade. Ao falar da sua vinda Jesus diz, porém, que a ninguém foi e revelado o dia e a hora. Trata-se de uma vinda semelhante ao que ocorreu no tempo de Noé: embora Noé e sua família dedicasse todo tempo a construir a arca que lhes permitiria sobreviver ao dilúvio, as pessoas “comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento”, ou seja ficaram indiferentes a ameaça que pairava sobre elas. E quando aconteceu o dilúvio sobreviveram somente Noé e sua família e aqueles que se encontravam no interior da arca. Mas, Jesus se serve de outra imagem: ele fala do ladrão. Jesus diz que se o dono da casa soubesse a que hora da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que sua casa fosse arrombada. Duas imagens utilizadas por Jesus para reforçar a sua advertência: “Por isso, também vós, ficai preparados, pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem”. Estar preparados é a recomendação que Jesus nos dá neste início do advento que nos prepara para a celebração do Natal do Senhor. Estar preparados significa estar atentos, vigilantes, fiéis e a serviço dele e por causa dele, uns aos outros, para que a sua chegada não nos encontre despreparados, mas ansiosos pela sua vinda. O melhor exemplo desta atitude de vigilância é a Virgem Maria, a Mãe do Senhor. Não nó nos meses que antecederam a chegada de Jesus, nascido em Belém; mas no decorrer de toda a sua vida, ela manteve-se sempre atenta, vigilante e fiel, solícita em socorrer os que precisavam da sua ajuda, como humilde serva do Senhor. No tempo do Advento, podemos dizer que vivemos o tempo marcadamente mariano; pois, Maria aparece como exemplo a ser imitado para que Deus encontre desde já morada em nossos corações e, possa aí manifestar a sua glória.