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Deus espera de Nós a perfeição

Diocese de Barretos - 3 de dezembro de 2025

Deus espera de Nós a perfeição

Por Padre Pedro Lopes - Vigário Paroquial São Miguel Arcanjo – Miguelópolis-SP

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Em Levítico lemos: “Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e diz-lhes: Sede santos, porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou santo (Lv 19,2)”. De tal modo, ser santo é alcançar em nossa vida a perfeição, uma vez que esta advém do Senhor e Ele nos pede: “Portanto, sede perfeitos, assim como o vosso Pai Celeste é perfeito (Mt 5,48)”. Com esta última frase do capítulo quinto do Evangelho de Mateus, há o encerramento do primeiro grande bloco do Sermão da Montanha. Vale relatar que, no âmbito da perfeição, Jesus estaria falando a cada interlocutor para que eles disserem completos, partindo do amor, pois o Pai amou incondicionalmente, quando entregou Seu Filho para a nossa redenção, por meio de seu sangue derramado na cruz. Esta é a completude que Deus espera de todos. Quando Jesus fala de amor, Ele alerta que devemos amar até mesmo nossos inimigos, logo, a frase que pede para sermos perfeitos se insere no amor a Deus, ao próximo e a nós mesmos, ela conclui a perícope sobre o amor aos inimigos (Mt 5,43-47). Podemos dizer que a perfeição é a universalidade do amor, ao passo que isso não a ausência absoluta de falhas. Mateus 5,48 ressoa diretamente o Antigo Testamento, em consonância ao livro de Levítico 19,2 citado acima, sendo a forma entre ambas praticamente a mesma, possuindo por diferença as palavras “santos” e “perfeitos”, ambos se ligam à vida comunitária, tendo por base a justiça e a misericórdia. Em outros textos bíblicos encontramos o sentido e fundamento para com a santidade: Dt 18,13: “Serás íntegro para com o Senhor teu Deus”; em Lc 6,36: “Sede misericordiosos, como vosso Pai é misericordioso”. Embora as palavras sejam distintas, apontam para o mesmo objetivo, logo, a perfeição cristã nos remete à qualidade nas relações de uns com os outros. Para os padres do deserto, a perfeição era tida como a purificação do coração, alcançada no silêncio, no jejum e na vigilância interior. Já para santo Agostinho, tal versículo representava a plena realização em Deus, no entanto, alcançada gradativamente na caridade; para santo Tomás de Aquino, a perfeição cristã consiste principalmente no amor de Deus e do próximo. No grande discurso sobre o Sermão da Montanha, Jesus usa por diversas vezes o método do contraste: “vos ouvires o que foi dito (…), eu, porém, vos digo. No final do sermão, ele contrasta com a frase acerca da perfeição, a qual se alcança por meio do amor. De tal modo, se quisermos alcançar a perfeição e santidade, devemos amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos!