Dívida de Barretos: Longe do colapso da LRF, mas refém de duas bombas
O Diário - 4 de outubro de 2025
                  Aparecido Cipriano, Policial Militar aposentado, Diretor de Escola
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Barretos vive uma contradição fiscal, a tranquilidade legal da Lei de Responsabilidade Fiscal versus o risco estrutural de duas “bombas” internas. Sua Dívida Consolidada Atual, de R$ 545,68 milhões, cumpre a legislação, representando 48,21% do limite máximo permitido de R$ 1.131.876.000,00, calculado sobre a Receita Corrente Líquida (RCL) de R$ 943,2 milhões.
Contudo, essa aparente “confortabilidade” esconde o risco de longo prazo – O estoque da dívida de longo prazo, apesar da queda de R$ 31,1 milhões no período, permanece muito elevado e é dominado pelo passivo previdenciário que soma assustadores R$ 473,02 milhões, concentrando cerca de 87% da dívida fundada. Esse é o núcleo crítico das finanças, constantemente pressionado por juros e correções.
No curto prazo, a situação é agravada pelo Serviço de Água e Esgoto (SAAEB). A autarquia opera com um déficit financeiro de R$ 22,3 milhões, pois seu caixa disponível cobre apenas 6% das obrigações imediatas, o que aponta um desequilíbrio estrutural.
Embora o Resultado Consolidado do município mostre um superávit modesto de R$ 15,5 milhões, essa folga é garantida, principalmente, pelos recursos investidos do IPMB.
Em resumo, Barretos tem margem de crédito, mas caminha sobre minas. A redução de dívidas menores, como precatórios, é um avanço notável. Contudo, sem um plano robusto para equacionar o passivo do IPMB, que se aproxima de meio bilhão de reais, e sem corrigir o déficit estrutural do SAAEB a sustentabilidade fiscal de médio e longo prazo permanece sob ameaça, limitando investimentos e pressionando os serviços públicos futuros.



