Dizer sim e dizer não
Diocese de Barretos - 2 de agosto de 2025

Dizer sim e dizer não
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Por Pe. Matheus Francisco, São João Batista, Olímpia-SP
Paciência é um movimento interior que nos dá um poder de fazer perceber a vida nas delicadezas do tempo. Sem a paciência, podemos incorrer no risco de não perceber o que de fato merece ser percebido. Nossos olhos apressados no tempo de hoje não nos conduzem a essa raridade oferecida a nós, a paciência. Muitas vezes, matamos a oportunidade de nos viver bem porque não somos capazes de fazer a leitura correta do que o tempo está nos pedindo. O livro do Eclesiastes (cf. Ecl 3, 1-8) nos dá um parâmetro de que tudo em nossa vida há um tempo. E é nele que temos a oportunidade de ir aprendendo a ser quem realmente somos. Cada dia o tempo vai nos pedir alguma coisa, e é esse olhar atento que vai nos dar essa clareza de perceber o que de fato hoje grita pelo meu nome. O que de fato hoje chama por mim? Qual a realidade que hoje é inadiável? Somos tão negligentes nessa percepção, que na maioria das vezes desperdiçamos um dia, meses e até anos colocando empenho em uma realidade que não era para aquele momento. É importante desenvolvermos a capacidade madura de dizer não, e de dizer sim. Eu sou a pessoa mais próxima de mim mesmo. Se eu não aprendo a dizer não agora, não serei capaz de gozar com o sim futuro. Somos deparados em muitos momentos de nossas vidas com a realidade de que precisamos mudar nosso agir, nosso jeito de falar ou se portar, mas não podemos esquecer de que o que nos leva a atitudes são os sentimentos que são gerados dentro de nós, e para mudar os comportamentos é necessário descobrir as atitudes que nos leva a tal comportamento. Tais atitudes vão merecer de nós o doloroso ‘não’ naquele momento para que, se adiante, se transforme num prazeroso ‘sim’. Um grande filósofo, Sartre, nos dá um abrir de horizontes neste sentido, “ser livre não é poder fazer o que se quer, mas é querer o que se pode” é necessário em nossa vida enxergar que naquele momento só se pode dizer não, e em outros se pode dizer sim. Esses dizeres sim e dizer não são um ato da nossa humanidade, é preciso acertar conscientemente, escolher o melhor para aquele momento, sabendo que é o melhor porque o é. É preciso escolher e realizar a própria humanidade. Deus tira o bem do mal e de grandes males tira grandes bens; tudo lhe serve para manifestar a sua bondade e o seu poder transformador no tempo. Talvez tenhamos a sensação de que erramos com aquela escolha, mas mesmo que tenhamos, não podemos deixar que ela passe despercebida, para que tal ação errada do presente se torne realidade transformada no futuro.