Por Pe. Pedro Lopes, Vigário paroquial São Miguel Arcanjo, Miguelópolis-SP

A história de São Paulo é uma das mais marcantes do Cristianismo. Perseguidor da Igreja, ele se tornou o maior missionário do Evangelho. Mas esse salto não aconteceu de uma hora para outra. Ao contrário, a conversão de Paulo nos ensina que Deus age mesmo na vida daqueles que, por muito tempo, não O conheceram — e que o caminho da fé passa por processos, encontros e amadurecimentos. No caminho de Damasco, ainda Saulo, tem uma experiência profunda: uma luz o cerca, ele cai por terra e escuta a voz do próprio Cristo. Essa queda física e simbólica marca o início de sua mudança. Mas o processo de conversão não termina aí. Após o encontro com Jesus, Paulo fica cego por três dias, como se estivesse em gestação para uma nova vida. E é justamente aí que entra a figura de Ananias — discípulo, introdutor, verdadeiro catequista — que, movido pela fé e obediência, vai ao encontro de Paulo, impõe as mãos sobre ele e anuncia a Palavra. Com isso, Paulo recupera a visão, é batizado e começa sua caminhada como discípulo. Esse detalhe é precioso: Deus quis contar com Ananias. Ele poderia ter feito tudo diretamente com Paulo, mas escolheu agir por meio da comunidade, da mediação humana, da Igreja. É assim também conosco. Precisamos de irmãos e irmãs que nos anunciem o Evangelho, nos ajudem a compreender a fé e nos acompanhem na caminhada. Paulo passou por um tempo de silêncio e formação. Só depois, inspirado pelo Espírito Santo, tornou-se o “apóstolo dos gentios”, o missionário que percorreu terras distantes, fundou comunidades e escreveu cartas que até hoje nos ensinam e fortalecem. A vida de Paulo nos mostra que ninguém está fora do alcance da graça de Deus. Mesmo os que ainda não O conhecem, mesmo os que têm um passado difícil — Deus chama, transforma e envia. Como Paulo, somos chamados a um encontro pessoal com Cristo, a uma vivência comunitária e, depois, à missão de levar o Evangelho a todos. Que o Espírito Santo, que conduziu Paulo, nos conduza também no caminho da fé e do amor.

GOTAS DE SERENIDADE

“Os cônjuges, enquanto se doam entre si, doam para além de si mesmos a realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mãe”.
Papa Francisco, “Amoris Laetitia” sobre o amor na família, n. 165.