A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), conhecida simplesmente como refluxo, é caracterizada pelo retorno do conteúdo alimentar ingerido ao esôfago. E por que, exatamente, isso acontece? A explicação encontra-se no mau funcionamento de uma estrutura denominada esfíncter esofágico inferior, uma espécie de válvula situada entre a terminação do esôfago e o estômago, controlada por mecanismos de relaxamento e contração, responsável por permitir a passagem do alimento durante a deglutição e por impedir que o bolo alimentar retorne ao esôfago enquanto é digerido no estômago. Quando esse esfíncter não realiza corretamente sua função, o esôfago é constantemente agredido com o ácido presente no bolo alimentar, causando a famosa “queimação” ou “azia”, após as refeições. Além de sintomas clássicos, como a azia e a regurgitação, existem sintomas menos comuns que fazem parte do quadro de DRGE, a exemplo da crise de asma induzida por refluxo. O sintoma respiratório é promovido pela microaspiração de ácido gástrico, pois há uma comunicação superior entre a traqueia e o esôfago, dois tubos cujas funções são diferentes. Enquanto o esôfago participa da deglutição, a traqueia, localizada à sua frente, permite a passagem de ar até os pulmões através da comunicação com os brônquios. Quando pequenas porções do conteúdo ácido são aspiradas pela traqueia, chegando até os pulmões, uma resposta inflamatória é iniciada nos brônquios, o que pode gerar estreitamento das vias aéreas e, consequentemente, dificuldade para respirar. Tosse e “chiado” no peito, característicos da crise asmática, também podem acompanhar a falta de ar. Por outro lado, acredita-se que a asma, por provocar uma mudança na pressão intratorácica, bem como uma diminuição da pressão do esfíncter esofágico inferior, levaria ao desenvolvimento de refluxo, o que sugere uma relação na qual as crises de asma são a causa do refluxo. Devido a essas associações entre refluxo e asma, faz-se importante a avaliação clínica, a fim de que seja possível construir o melhor plano de tratamento, evitando automedicação e piora do quadro.

Milena Antunes Vieira, estudante do 1º período do curso de Medicina da FACISB, orientada pela profª Celina Antonio Prata