Entre o egocentrismo e a vaidade: a humildade
Diocese de Barretos - 19 de novembro de 2025
Entre o egocentrismo e a vaidade: a humildade
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Por Pe. Flávio Pereira, Vigário Catedral, Barretos-SP
O excesso é o problema de muitas situações, emoções, posturas, falas e condutas. Quando existe o extremismo, um sinal deve ser aceso, dizendo que aquela situação não está em seu estado normal, pois a exacerbação faz tudo ficar conturbado, logo, precisa-se chegar ou voltar ao seu estado normal. Em termos de excessos, o egocentrismo e a vaidade podem fazer com que o homem centre tudo em si mesmo, não percebendo a necessidade do outro, ou, em outras palavras, torna-o cego diante de algumas situações. Nesse caso há sempre uma autoproteção, egocentrismo e a busca da satisfação pessoal, ainda que isso implique, infelizmente, em causar rupturas, ferimentos e sofrimento ao outro. Por vezes, a falta de consideração pelo próximo e o excesso na busca por por reconhecimento não apenas cegam o homem em relação ao outro, mas também tornam difícil uma autoanálise. Quando se dedicam à satisfação dos desejos sem que haja uma reflexão, não há a compreensão de necessidades básicas, das quais todos comungam. O ser humano é feito de relações e isso não pode ser mudado, ao passo que não dá para ficar envolto a uma bolha que ‘protege a todos do mundo’. Ser autoconfiante é bom, mas o excesso neste ponto pode significar um egoísmo nem sempre saudável para as relações. Conhecer-se é essencial para o crescimento emocional. Quando se tornam exagerados, o egoísmo e a vaidade dificultam a renúncia de si, impedindo o amadurecimento. A vaidade pode ser definida como a valorização exagerada da aparência, conquistas ou qualidades pessoais, quase sempre (se não sempre) vem acompanhada pelo desejo de ser admirado pelos outros. Manifesta-se no modo de se vestir, falar, postura/comportamento e no desejo em ostentar posses e conhecimentos. A vaidade possui uma conotação negativa quando transformada em exibicionismo, soberba ou necessidade constante de aprovação. No hino ‘kenótico’ de Filipenses se lê que Cristo “esvaziou-se a si mesmo”, isto é, assumiu uma atitude baseada no amor, sem que houvesse nenhum interesse pessoal. Diante de Deus Pai esta é uma atitude a ser abordada. Deus Pai o exaltou, ressuscitando-o dos mortos e colocando-o no posto mais elevado (Fl 2, 9). O ato de esvaziar-se não diz respeito a anular-se diante de algumas situações, mas sim de deixar com que a vontade do Pai se faça também a vontade de cada um, de modo que ambas as vontades (do Pai e a minha) sejam uma só. Kenosis diz respeito ao abaixamento, esvaziamento, ruptura com o tradicional/convencional, e, por isso, eleva o homem ao mais alto grau da ascese, mística e espiritualidade. A plenificação da graça está em Deus e somente Nele é que alcançamos a santidade. A resposta para o egocentrismo e a vaidade é apenas uma: a humildade, uma vez que ela é a qualidade de uma pessoa a qual age com simplicidade, assumindo suas responsabilidades, evitando em sua vida a prepotência e a soberba. Cristo mostrou e viveu isso, quando se esvaziou e obedeceu até a cruz!



