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Era uma vez a Praça Nove de Julho…

karla-armani-medeiros - 9 de julho de 2022

Era uma vez a Praça Nove de Julho…

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani

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Agora será assim todas as vezes que formos contar a respeito da Praça Nove de Julho aos nossos filhos: uma praça que não existe mais.

Para selar a participação de Barretos na Revolução Constitucionalista de 1932, o Obelisco na Praça Nove de Julho foi inaugurado em 23 de maio de 1970, solenemente, na gestão do prefeito Christiano Carvalho. A iniciativa foi da Sociedade Veteranos de 32 e contou a presença dos ex-soldados barretenses e autoridades (uma cena belíssima eternizada em fotografia). A praça compunha todo o quadrilátero das ruas 32 e 34 e as avenidas 23 e 25, tendo ao centro o Obelisco com uma placa contendo os nomes dos barretenses que pereceram na luta. Na década de 1990, metade da praça foi usada para construir o terminal de ônibus, descaracterizando o espaço. Este, originalmente, se integrava numa cena que monumentalizava a memória dos soldados constitucionalistas juntando o Obelisco às bandeiras do Brasil, de São Paulo e de Barretos.

No passado, a praça foi criada como um ato cívico e, no presente, funcionava como espaço público de cultura, feira e eventos. Praças fazem parte da paisagem urbana, pois são necessárias áreas verdes para o convívio ao ar livre. E, agora fica a questão: as árvores serão retiradas? São palmeiras imperiais que harmonicamente enterneciam o tremular das bandeiras que foram dali retiradas (sem o menor cuidado quanto às placas históricas que as acompanhavam. Será que tinha cápsula do tempo por ali?). 

E tudo isso agora, no 9 de julho. Neste ano, justamente quando a guerra paulista de 1932 completa 90 anos, Barretos perde o seu lugar de memória dos combatentes. Que história queremos contar às crianças se os lugares de memória são desmontados? Como explicar a elas a participação efetiva dos mais de 500 barretenses na luta pela reconstitucionalização do país se o monumento que eles mesmos deixaram para nós será encoberto por um prédio e sua harmoniosa paisagem não mais existe? 

Neste 9 de julho, Barretos não rememora sua história, e sim perde parte dela.