Especialistas orientam sobre prevenção e tratamento de casos de Conjuntivite
O Diário - 31 de agosto de 2025

SAÚDE: Os oftalmologistas dr. Fernando Heimbeck e dra. Daniela Monteiro de Barros, especialistas em oftalmologia pelo Wills Eye Hospital, no Estados Unidos, são orientadores da Liga Acadêmica de Oftalmologia da Facisb (laof)
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Oftalmologistas barretenses esclarecem as principais dúvidas relacionadas à doença
Os oftalmologistas Dr. Fernando Heimbeck (CRM104.673) e Dra. Daniela Monteiro de Barros (CRM 109.939) esclarecem sobre a Conjuntivite. Eles explicam que trata-se de uma das doenças oculares mais comuns e que costuma gerar dúvidas e preocupação, especialmente quando surge em surtos. Na entrevista a seguir, os especialistas respondem às principais perguntas dos leitores. Confira:
O DIÁRIO: O que é Conjuntivite?
DRA. DANIELA: A Conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, a fina membrana que recobre a parte branca dos olhos e o interior das pálpebras. Ela pode ter várias causas e, de acordo com sua origem, recebe diferentes classificações.
O DIÁRIO: Quais são os principais tipos de Conjuntivite?
DRA. DANIELA: Existem três grupos principais, que são a conjuntivite viral: geralmente causada por Adenovírus, é altamente contagiosa; a conjuntivite bacteriana: provocada por bactérias, que costuma ser tratada com colírios antibióticos; conjuntivite alérgica: ligada a reações alérgicas, não é contagiosa e se relaciona a poeira, ácaros, pólen e outros fatores ambientais. Há ainda causas menos frequentes, como conjuntivite química (por contato com substâncias irritantes) ou tóxica (relacionada ao uso inadequado de colírios ou cosméticos).
O DIÁRIO: Por que a Conjuntivite Adenoviral merece tanta atenção?
DR. FERNANDO: A Conjuntivite Adenoviral é a forma viral mais comum e tem grande impacto porque se espalha com rapidez, principalmente em ambientes coletivos como escolas, academias, empresas e transporte público. Uma única pessoa infectada pode transmitir para várias outras em poucos dias.
O DIÁRIO: Como ocorre o contágio?
DRA. DANIELA: O vírus está presente na secreção ocular e pode permanecer em superfícies e objetos por dias. O contágio acontece pelo contato direto com as lágrimas ou secreção de um paciente, ou indiretamente, ao tocar maçanetas, teclados, corrimãos ou toalhas contaminadas e depois levar a mão aos olhos.
O DIÁRIO: Quais são os sintomas da Conjuntivite Adenoviral?
DRA. DANIELA: Olhos vermelhos, lacrimejamento intenso, sensação de areia, inchaço nas pálpebras e secreção aquosa são os sinais mais comuns. Em alguns casos, há dor, fotofobia (incômodo com a luz) e até diminuição temporária da visão. A doença geralmente atinge os dois olhos, mesmo que comece em apenas um.
O DIÁRIO: Quanto tempo dura a doença?
DR. FERNANDO: A Conjuntivite Adenoviral pode durar de 10 a 20 dias. Mesmo quando os sintomas começam a melhorar, o paciente pode continuar transmitindo o vírus. Esse detalhe explica a facilidade com que ocorrem surtos em comunidades.
O DIÁRIO: Existe tratamento específico?
DR. FERNANDO: Não existe um antiviral específico para eliminar o adenovírus. O tratamento é de suporte: colírios lubrificantes para aliviar o desconforto, compressas frias para diminuir a vermelhidão e, em alguns casos, colírios anti-inflamatórios sob prescrição médica. O uso de antibióticos não é eficaz contra vírus e só é indicado se houver infecção bacteriana associada.
O DIÁRIO: É preciso afastamento das atividades?
DRA. DANIELA: Sim. Como a doença é altamente contagiosa, recomenda-se que o paciente evite frequentar ambientes coletivos - como trabalho, escola e academias - pelo menos na fase inicial, geralmente de 7 a 10 dias. Esse afastamento ajuda a controlar surtos.
O DIÁRIO: Quais cuidados ajudam a prevenir o contágio?
DRA. DANIELA:
Lavar as mãos com frequência;
- Evitar coçar ou tocar os olhos;
- Não compartilhar toalhas, maquiagem ou colírios;
- Trocar a fronha do travesseiro diariamente durante a doença;
- Usar álcool 70% para higienizar superfícies e objetos de uso comum.
O DIÁRIO: E a Conjuntivite bacteriana e a alérgica, como se diferenciam?
DR. FERNANDO: Na bacteriana, a secreção é amarelo-esverdeada e mais espessa. A secreção é mantida o dia todo, já na alérgica, predomina a coceira intensa, quase sempre em ambos os olhos, associada a espirros e sintomas nasais. Importante destacar que nem toda vermelhidão nos olhos é Conjuntivite, e apenas o exame oftalmológico define o diagnóstico correto.
O DIÁRIO: Qual a mensagem final para os leitores sobre esta doença?
DR. FERNANDO: A Conjuntivite Adenoviral não é uma doença grave, mas causa grande impacto pela transmissão rápida. Identificar os sintomas cedo e adotar medidas de higiene é fundamental para proteger a si mesmo e aos outros.
DRA. DANIELA: Se houver sinais de Conjuntivite, procure atendimento oftalmológico. O médico vai confirmar o diagnóstico e orientar o tratamento adequado, evitando complicações e controlando a disseminação da doença.