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Este é o coração que tanto amou – segunda parte

Diocese de Barretos - 6 de setembro de 2025

Este é o coração que tanto amou – segunda parte

Este é o coração que tanto amou – segunda parte

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Por Diác. Matheus Flávio, São Gabriel Arcanjo, Jaborandi-SP

Continuando a leitura da carta encíclica Dilexit nos do Papa Francisco, hoje estamos na segunda parte do terceiro capítulo. Como esse capítulo é mais longo, dividimos em duas partes. A devoção ao Coração de Cristo possui uma dimensão profundamente trinitária. Embora seja um culto cristológico, ele nos conduz sempre ao Pai. Como recorda o texto, “a via é uma só: Cristo. […] Ele mesmo disse: ‘Eu sou o caminho’ (Jo 14,6). A devoção ao Coração de Jesus é, portanto, uma devoção ao Pai” (n. 70). O coração humano de Jesus manifesta essa orientação filial absoluta, pois nele se exprime “o mistério da filiação eterna e do ser de Filho, que, por isso mesmo, está totalmente orientado para o Pai” (n. 72). Assim, contemplar o Coração de Cristo é penetrar no mistério da Trindade, onde o amor do Filho ao Pai se abre em amor pela humanidade. Além disso, o Espírito Santo tem papel fundamental nessa devoção: “enche o coração de Cristo e o torna instrumento privilegiado do seu amor divino e humano” (n. 75). O Coração de Jesus é chamado, com razão, de “a obra-prima do Espírito Santo” (n. 75). Por isso, todo gesto de veneração ao Coração de Cristo é também ato de louvor trinitário: “adorar o Coração de Jesus significa adorar ao Pai, por Cristo, com Cristo e em Cristo, no amor do Espírito Santo” (n. 77). O magistério da Igreja sempre sustentou essa espiritualidade. Desde cedo, os cristãos viram no lado aberto de Cristo na cruz uma fonte inesgotável de graça. Leão XIII, em 1899, propôs a consagração ao Sagrado Coração, afirmando que nela estava “a esperança da salvação para o mundo inteiro” (n. 79). Pio XI chamou essa devoção de “resumo da fé cristã e norma de vida mais perfeita” (n. 79). Pio XII, na encíclica Haurietis Aquas, disse que ela é “síntese sublime de toda a religião e adoração a Cristo” (n. 79). Já João Paulo II destacou seu caráter pastoral, lembrando que “a devoção ao Coração de Jesus preserva de uma espiritualidade rigorista, como também de uma vivência do cristianismo sem misericórdia” (n. 80). Bento XVI, por sua vez, chamou o Coração de Cristo de “coração do mundo” (n. 81). Finalmente, a devoção tem grande atualidade pastoral. O Sagrado Coração é “um compêndio do Evangelho” (n. 83) e, por isso, deve ser continuamente renovado pela luz da Palavra. As práticas tradicionais, como a comunhão nas primeiras sextas-feiras, não devem ser vistas como meras obrigações, mas como respostas de amor: “não tanto uma obrigação de devoção, mas uma resposta de amor ao amor de Cristo” (n. 85). Por fim, o Sagrado Coração convida a redescobrir no amor de Cristo o centro da fé cristã, pois ele é a “síntese do Evangelho” (n. 83), fonte de ternura e confiança, e apelo constante à missão.