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Estudantes da Liga Acadêmica de Oftalmologia explicam sobre o Junho Violeta

rodrigo.pessoa - 26 de junho de 2022

Estudantes da Liga Acadêmica de Oftalmologia explicam sobre o Junho Violeta

Médicos oftalmologistas Dr. Fernando Heimbeck e Dra. Daniela Monteiro de Barros são orientadores da Liga de Oftalmologia da Facisb

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Com a coordenação do Dr. Fernando Marco Heimbeck e Dra Daniela Monteiro de Barros, alunos de medicina tiram dúvidas a respeito do tema.

A Liga Acadêmica de Oftalmologia da Facisb (LAOF) representada pelos alunos, Bruno Mangiavacchi Silva, Emerson Carlos Guliato Filho,  Jeanini Maria Carminati Righetti, Luana Colicchio Gonzales,  Luisa Lima Diniz Junqueira e Rafaela Carvalho Granero, sob coordenação do especialista em Córnea e Cirurgia Refrativa pelo Wills Eye Hospital (EUA), Dr. Fernando Marco Heimbeck (CRM: 104.673) e da especialista em Glaucoma pelo Wills Eye Hospital (EUA), Dra. Daniela Monteiro de Barros (CRM:109.939), orientam a população sobre o CERATOCONE.

O Diário: O que é o JUNHO VIOLETA?

Jeanini Maria Carminati Righetti - Acadêmica da Facisb: Junho Violeta é a campanha realizada com o intuito de conscientizar a população sobre o ceratocone e prevenir o mesmo. Tem como objetivo orientar e educar  sobre os riscos associados com o ato de coçar, fazer fricção ou mesmo pressão contra os olhos que podem levar a formação do ceratocone.

 O ceratocone é uma enfermidade em que ocorre o afinamento e deformação de uma estrutura do olho denominada córnea, fazendo com que seu formato se torne semelhante a um cone: daí a origem do nome da doença. A córnea é uma camada transparente com função de auxiliar no direcionamento dos raios de luz até a retina, onde ocorre a formação da imagem. Devido à deformidade da córnea, os raios luminosos sofrem uma distorção ao adentrar o olho, prejudicando a visão. Geralmente a doença tem início na infância ou adolescência, podendo progredir até os 35 a 40 anos e acomete os dois olhos, porém de forma assimétrica – um olho é mais afetado que o outro.

O Diário: O que causa o ceratocone?

Luana Colicchio Gonzales - Acadêmica da Facisb: A doença ceratocone tem sua principal origem na genética, porém alguns comportamentos podem agravar essa doença, dentre eles podemos listar o habito de coçar os olhos, fazer pressão sobre esses durante o sono e também a presença de uma alergia ocular que leva a uma maior vontade de coçar os olhos aumentando, assim, o risco de surgir a doença.

O Diário: Quais são os sintomas?

Luisa Lima Diniz Junqueira - Acadêmica da Facisb: No início, o ceratocone é caracterizado como insidioso, sendo identificado apenas por meio de exames. Com a evolução da doença , ocorrem visão embaçada e distorcida , piora da visão noturna com presença de espalhamento de imagens contra luzes ( efeito “glare” ) associados a  mudanças frequentes da prescrição dos óculos e presença de astigmatismo. Sendo que ao atingir fases mais avançadas, pode ocorrer a perda da visão de forma mais significativa.

O Diário: Como é feito o diagnóstico?

Emerson Carlos Guliato Filho - Acadêmico da Facisb: O diagnóstico do ceratocone começa com a história clínica do paciente (suspeita-se de ceratocone naqueles pacientes onde o grau de óculos esteja frequentemente mudando e com baixa visão mesmo com uso de óculos.) e exames de imagem. A ceratometria e a ceratoscopia , exames utilizados para medir a curvatura da córnea e o tipo de astigmatismo, eram os únicos  exames há décadas. Atualmente , com o avançar da tecnologia, um dos exames mais fiéis para diagnóstico precoce do Ceratocone é a Tomografia de Córnea (PentacamR). É de extrema importância que o diagnóstico seja realizado por um oftalmologista especialista, pois, quanto antes for feito, melhor será a resposta ao tratamento.

O Diário: Qual o tratamento do ceratocone?

Bruno Mangiavacchi Silva – Acadêmico da Facisb:

A escolha do melhor tratamento para ceratocone depende do estágio em que o paciente se encontra, além das características evidenciadas pelo oftalmologista.

Para casos mais leves e moderados, recomenda-se o uso de óculos e lentes de contato (mais eficientes que os óculos, por atuarem diretamente na córnea, corrigindo irregularidades nessa estrutura e melhorando a acuidade visual dos pacientes). Quando o paciente não se adapta mais com lente de contato corneanas devido ao estágio mais avançado do ceratocone é possível, em casos específicos, utilizar os anéis intraestromais corneanos (Keraring, Anél de Ferrara) e as novas lentes de contato esclerais.

As lentes de contato esclerais são um avanço importantíssimo no tratamento do Ceratocone pois conseguimos devolver uma visão fantástica para pacientes que não enxergam há anos , mesmo em graus mais avançados da doença. Além disso são extremamente confortáveis ,diferentemente das lentes de contato rígidas corneanas usualmente utilizadas que causam desconforto em muitos pacientes.

Já para os casos em evolução, são indicados Crosslinking da córnea (procedimento cirúrgico com técnicas mais modernas e menos invasivas; envolve a “raspagem” da córnea e aplicação de colírio de riboflavina, seguido da exposição do olho a um feixe de luz ultravioleta, promovendo a união e fortalecimento das fibras colágenas da córnea, tornando-a menos propensa a se deformar , mantendo a córnea estável e inibe a progressão do ceratocone em mais de 90% dos casos).

Ademais, vale ressaltar que, nos casos mais severos, onde o paciente apresenta perda significativa da acuidade visual e grandes danos ao tecido corneano, o tratamento prescrito é o transplante de córnea, podendo ser realizado de modo penetrante (remoção de toda a espessura da córnea) ou lamelar (remoção de algumas camadas da córnea).

O Diário: Como prevenir o ceratocone?

Rafaela Carvalho Granero - Acadêmica da Facisb:

Sabe-se que o ceratocone está relacionado ao ato crônico de coçar os olhos. Sendo assim, a prevenção da doença pode ser feita evitando tal prática. Contudo, é de fundamental importância o acompanhamento oftalmológico para avaliação, especialmente em crianças e adolescentes com alergia sistêmica. Uma vez com instrução médica indicada, pode ser necessário o uso de colírios antialérgicos e lubrificantes para evitar coçar os olhos, e, assim, prevenir o surgimento da patologia.

É fundamental, portanto, obter um diagnóstico precoce pelo médico oftalmologista especialista em CÓRNEA e CERATOCONE a fim de diminuir a progressão da doença. Um acompanhamento regular com o oftalmologista, principalmente de crianças e adolescentes ou com casos de ceratocone na família podem contribuir para a prevenção e diagnóstico precoce da doença, complementa Dr. Fernando Heimbeck.