Exemplo de humildade
Diocese de Barretos - 15 de janeiro de 2025

Exemplo de humildade
Compartilhar
Por Pe. Flávio Aparecido Pereira, Vigário Paroquial Catedral Barretos
Existem situações em nosso cotidiano que nos deixam envaidecidos e com isso, cheios de nós mesmos, cheios de autoconfiança, repletos de coragem para desbravar o que diante de nós se apresenta como um problema, ou uma situação difícil de ser transposta. Não que isso seja de todo ruim, mas quando passamos a olhar a situação apenas pela ótica unilateral, tendemos a esquecer de outras situações que seriam bilaterais. O ‘encher-se de si’ é o esvaziar-se de algumas possiblidades que poderiam ser colocadas em prática, a partir do momento em que olhamos para o todo e não apenas para uma de suas partes.
Quando olhamos apenas para nós mesmos, nos fechamos em uma redoma a qual pode ser nomeada de ‘egocentrismo’, ou seja, eu passo a ser o centro de tudo o que me rodeia, sem que haja intervenções do meio para me moldar de uma forma melhor, mais altruísta.
Se olharmos para os grandes santos que conhecemos, veremos que eles não se fecharam em si mesmos e sempre buscaram o afastamento da vida de pecado para alcançar a mística, em plenitude, que viviam diariamente. A este exemplo, pode ser citado São João Batista, aquele que é considerado o maior entre os nascidos de mulher, o único dos profetas que conheceu pessoalmente o Cristo, e foi aquele que batizou o próprio autor do batismo (conforme se lê no Missal Romano, p. 735).
No Evangelho de Lucas, capítulo três, vemos e percebemos o exemplo de humildade do Batista, uma vez que muitas pessoas a ele se dirigiam, fazendo perguntas sobre suas atitudes, ele as aconselhava a mudarem sua postura de vida, para que abandonassem velhas práticas e se convertessem, ao arrependerem-se de seus pecados, eram batizados. Por muitos, João era aclamado como o messias, mas em um gesto de reconhecimento de sua missão, dizia ser ‘a voz que clama no deserto: preparem os caminhos do Senhor[...]’.
Ele não outorgava para si um título que não lhe pertencia e nem era conivente com situações díspares, não media suas palavras para que o povo se conscientizasse de que seria necessária uma nova postura para ter uma vida nova. Se João porventura ficasse repleto de si, faria da voz do povo a sua verdadeira consciência, mas em uma postura de humildade ele apenas diz que não é aquele que eles esperam, e sim uma voz que aponta para Ele.
João não olhava para si, mas se entendia como sinal de Deus na vida das pessoas que com ele estavam, mesmo que para serem batizadas. A missão é de Deus, João o instrumento, a conversão de todos, o resultado.
Se fazer com o que o outro não seja transformado em alguém melhor a partir do encontro conosco, algo nos falta. O olhar de João pousou sobre todos, e para todos ele anunciava a conversão dos pecados e o retorno a uma vida transformada; ele saiu de si e atingiu os outros. Que seu exemplo de humildade seja uma máxima adotada por nós.