Exposição Precoce ao Açúcar
O Diário - 9 de maio de 2025

Beatriz Castilho Milani estudante do 7º período do curso de Medicina da FACISB, orientada pela profª Thais Kataoka Homma
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Está atualmente em avaliação no Senado o projeto de lei 2.343/2024, que propõe a proibição da adição de açúcares ou adoçantes em alimentos industrializados destinados a lactentes e crianças da primeira infância. Essa medida visa reduzir a exposição precoce ao açúcar e consequentemente, reduzir o risco de doenças crônicas associadas ao seu consumo excessivo.
Mas, afinal, como o açúcar age no organismo e por que seu consumo deve ser controlado, principalmente nas crianças? O açúcar é uma fonte rápida de energia para o corpo, transformando-se em glicose quando ingerido. Para que a glicose seja distribuída para as células e aproveitada, é necessária a ação da insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas. No entanto, o consumo excessivo de açúcar promove um estado de inflamação crônica, causa picos de glicemia e força o corpo a aumentar a produção de insulina. Com o tempo, isso pode sobrecarregar o pâncreas e favorecer o desenvolvimento de doenças metabólicas, além de danos aos vasos e coração. Estudos apontam que o consumo de grandes quantidades de açúcar pode estar relacionado a diversos efeitos negativos em nosso corpo, ocasionando doenças diversas como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Na infância, além de frequentemente ocasionar problemas dentários, cria uma maior propensão à obesidade. Além disso, a exposição precoce ao açúcar pode ainda influenciar as preferências alimentares futuras, tornando mais difícil a aceitação de alimentos naturais, como frutas e legumes, podendo causar deficiências nutricionais.
É importante destacar que o açúcar não é um vilão absoluto e pode fazer parte de uma alimentação equilibrada, e o que se busca com essa medida é evitar a exposição precoce e o consumo excessivo. O incentivo é para que os pais priorizem alimentos naturais e leiam os rótulos dos produtos industrializados para identificar fontes ocultas de açúcar. Assim, é notável que a nova regulamentação trará desafios para a indústria alimentícia, mas também representa um avanço na promoção da saúde infantil, e que alinha a legislação brasileira com as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).