Infância entre cuidados e excessos
O Diário - 5 de dezembro de 2025
Heloísa Consoni Sawamura, estudante do segundo período do curso de Medicina da FACISB, orientada pela profª Rosalina Massako Yamawaki Murata.
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O consumo de suplementos alimentares por crianças tem aumentado de forma expressiva na última década. Mas será que eles são realmente necessários para o desenvolvimento ou apenas resultado de um mercado que vende a promessa de saúde fácil e imediata? Muito desse crescimento se deve às estratégias de marketing que associam os suplementos a conceitos de vida saudável e prevenção de doenças. Nesse cenário, muitos pais, influenciados por propagandas persuasivas e pela facilidade de aquisição, acabam oferecendo esses produtos aos seus filhos sem orientação pediátrica correta , o que configura um quadro que demanda atenção aos riscos da automedicação.
Embora as campanhas publicitárias transmitam uma imagem de bem-estar, os suplementos disponíveis e de livre acesso no mercado muitas vezes carecem de regulamentação adequada. Isso expõe o consumidor a rótulos pouco precisos, informações incompletas sobre composição e dosagem, além da ausência de recomendações claras quanto ao uso seguro.
Dessa forma, instala-se um paradoxo importante: o que é comercializado como promoção de saúde pode, na prática, representar risco. A utilização indiscriminada de polivitamínicos, sem acompanhamento profissional, pode levar à hipervitaminose, uma condição caracterizada pelo acúmulo excessivo de vitaminas no organismo. Em vez de proporcionar benefícios, as doses elevadas acabam comprometendo o equilíbrio do corpo e favorecendo efeitos adversos, contrariando a ideia de proteção.
Mas afinal, como garantir a saúde das crianças sem recorrer a essas “pílulas milagrosas”? Na maioria dos casos, a resposta está em algo simples e eficaz: uma alimentação equilibrada, a qual é capaz de fornecer naturalmente os nutrientes necessários. É claro que existem exceções a isso, como em crianças com deficiências nutricionais diagnosticadas, doenças crônicas ou restrições alimentares, entretanto, fora dessas situações, o caminho mais seguro e sustentável para promover saúde continua sendo a boa nutrição cotidiana.



