Esqueci minha senha
Luta, vigilância e discernimento

Diocese de Barretos - 6 de dezembro de 2025

Luta, vigilância e discernimento

Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos

Compartilhar


Hoje concluímos a leitura da exortação apostólica do Papa Francisco sobre a santidade nos dias atuais. Na parte final da Gaudete et Exsultate, intitulada “Luta, vigilância e discernimento”, o Papa Francisco apresenta a vida cristã como uma luta permanente, que “requer força e coragem para resistir às tentações do demônio e anunciar o Evangelho” (n.158). Essa luta não se limita à fragilidade humana, mas é também “contra o demónio, que é o príncipe do mal” (n.159). Jesus mesmo “celebra as nossas vitórias” e “alegrava-se quando os discípulos superavam a oposição do Maligno” (n.159). Francisco adverte que “não admitiremos a existência do demónio, se olharmos a vida apenas com critérios empíricos” (n.160). O demônio “não é um mito, nem uma ideia”, mas “um ser pessoal que nos atormenta”, como ensina a oração do Pai-Nosso: “livrai-nos do Maligno” (n.160–161). O perigo está em baixar a guarda, pois “ele envenena-nos com o ódio, a tristeza, a inveja e os vícios”, e “anda a rondar-vos, procurando a quem devorar” (1Pd 5,8). A Palavra de Deus convida à resistência “contra as maquinações do diabo” (Ef 6,11), e o Papa recorda que as “armas” do cristão são a fé, a oração, a Eucaristia, a Reconciliação, a vida comunitária e as obras de caridade (n.162). A vitória espiritual requer confiança: “O triunfo cristão é sempre uma cruz, mas cruz que é, simultaneamente, estandarte de vitória” (n.163). O Papa denuncia ainda a corrupção espiritual, pior que o pecado, porque “é uma cegueira cómoda e autossuficiente” em que tudo parece lícito (n.165). O pecador arrependido, como Davi, pode reerguer-se, mas o corrupto “fica corroído e corrompido”, incapaz de perceber sua tibieza (n.164–165). Em seguida, Francisco reflete sobre o discernimento espiritual, que é “a única forma de saber se algo vem do Espírito Santo ou do espírito maligno” (n.166). Trata-se de um dom, não apenas de raciocínio humano, e torna-se “particularmente necessário num mundo cheio de distrações e falsos atrativos” (n.167). O discernimento “não é reservado aos mais inteligentes”, mas concedido “aos humildes” (Mt 11,25), para que reconheçam “os caminhos da liberdade plena” (1Ts 5,21). Ele insiste que o discernimento exige oração e silêncio, “para perceber a linguagem de Deus” (n.171), e uma atitude de escuta obediente ao Evangelho e ao Magistério (n.172–173). Além disso, supõe paciência e generosidade: “faz-se discernimento, não para tirar proveito, mas para cumprir melhor a missão batismal” (n.174). Francisco encerra com Maria, “a mais abençoada dos santos entre os santos”, que “viveu como ninguém as bem-aventuranças de Jesus” e “nos acompanha quando caímos, levando-nos nos seus braços sem nos julgar” (n.176). Por fim, convida toda a Igreja a pedir ao Espírito Santo “um desejo intenso de ser santos para a maior glória de Deus” (n.177).