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Maio Verde: mês de prevenção e combate à cegueira pelo Glaucoma

O Diário - 28 de maio de 2023

Maio Verde: mês de prevenção e combate à cegueira pelo Glaucoma

A oftalmologista dra. Daniela Monteiro de Barros, especialista em oftalmologia pelo Willis Eye Hospital, nos Estados Unidos, é orientadora da liga acadêmica de oftalmologia da FACISB - Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos

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O Glaucoma é uma neuropatia - “doença do nervo óptico” -  que se não tratada pode levar a cegueira irreversível. A explicação é da dra. Daniela Monteiro, lembrando também que o Glaucoma pode ser hereditários.  “Sendo assim, as pessoas que apresentam casos na família devem procurar um oftalmologista periodicamente”, orienta. Em entrevista a O Diário, a dra. Daniela esclarece sobre a doença. 

O Diário: O que é o nervo óptico? 

Dra. Daniela Monteiro: É uma espécie de “cabo” formado por fibras nervosas que conecta o olho ao cérebro para lhe transmitir imagens.

O Diário: Por que a pressão ocular aumenta?

Dra. Daniela Monteiro: O olho produz continuamente um líquido claro denominado humor aquoso. A pressão ocular aumenta quando o mecanismo de drenagem deste líquido está comprometido, ou há um aumento considerável na produção do mesmo.

O Diário: O glaucoma pode causar cegueira? 

Dra. Daniela Monteiro: Sim. O glaucoma é a principal causa de “cegueira irreversível” em todo o mundo, acometendo cerca de 70 milhões de pessoas, segundo a organização mundial de saúde (OMS).

 O Diário: Quem pode ter glaucoma?

Dra. Daniela Monteiro: Qualquer um. O glaucoma pode acontecer em pessoas de qualquer idade, sexo ou raça, porém há indivíduos com maior risco de desenvolvimento da doença.

O Diário: Quem tem maior risco?

Dra. Daniela Monteiro: Pessoas acima de 40 anos, com história familiar de glaucoma, raça negra, com altos graus de miopia ou hipermetropia, diabéticos e usuários crônicos de corticosteróides.

O Diário: Crianças podem ter glaucoma?

Dra. Daniela Monteiro: Sim. Embora pouco comum, alguns tipos de glaucoma podem acometer crianças, incluindo recém nascidos.

O Diário: Quais os sintomas da doença?

Dra. Daniela Monteiro: Na maioria dos casos não há sintomas nas fases iniciais da doença, deste modo costuma-se afirmar que o glaucoma é “traiçoeiro”. No glaucoma avançado, por outro lado, o indivíduo tem a impressão de estar olhando através de um tubo estreito, o que chamamos de visão tubular. A progressão da doença leva ao fechamento progressivo desse tubo e a cegueira irreversível.

 O Diário: Como é feito o diagnóstico?

Dra. Daniela Monteiro: O diagnóstico do glaucoma é feito pelo exame oftalmológico completo e exames específicos denominados “propedêutica de glaucoma”, com a medida da pressão ocular, campimetria visual computadorizada, avaliação da espessura da córnea, avaliação da via de drenagem do humor aquoso e principalmente avaliação do nervo óptico.

O Diário: O diagnóstico é difícil?

Dra. Daniela Monteiro: Nas fases tardias da doença o diagnóstico é relativamente fácil, pois a aparência do nervo óptico é bastante característica, porém o grande desafio é o diagnóstico precoce, antes que haja um comprometimento visual significativo. Para que o diagnóstico precoce seja feito é necessário um exame oftalmológico minucioso, por isso a importância da avaliação médica.

O Diário: O que fazer para prevenir o glaucoma?

Dra. Daniela Monteiro: Recomenda-se, como atitude mais importante, um exame oftalmológico completo, obviamente com médico oftalmologista. Um inocente exame de rotina que fazemos para óculos com o especialista engloba investigação dos principais sinais silenciosos do glaucoma. Por isso que não se recomenda a compra de óculos sem receita e consulta médica. Pesquisadores de Harvard também descobriram que aumentar a ingestão de vegetais de folhas verdes está associado a um risco reduzido de desenvolver glaucoma, uma das principais causas de cegueira.

O Diário: Como é o tratamento?

Dra. Daniela Monteiro: Os tratamentos iniciais são os seguintes:

• tratamento clínico, que consiste na instilação diária de colírios que reduzem a pressão ocular;  

• tratamento a Laser  “Selective Laser Trabeculoplasty” (SLT), que está indicado como tratamento inicial ou como opção complementar nos glaucomas de ângulo aberto (trata-se de um procedimento “não cirúrgico”, seguro, eficaz e indolor); 

• tratamento cirúrgico, onde há falha do tratamento clínico com medicamentos ou laser, ou mesmo uma indicação combinada com a cirurgia de catarata, muitas técnicas cirúrgicas são minimamente invasivas denominadas “MIGS”, lembrando ainda que mesmo na realização da cirurgia o acompanhamento continua sendo necessário para checar, sempre o seu funcionamento.

O Diário: Existe cura para doença?

Dra. Daniela Monteiro: Por enquanto, infelizmente, não, mas existe tratamento. Como já vimos, uma vez feito o diagnóstico precocemente do Glaucoma será importante o controle da doença, que deverá ser feito por toda vida, priorizando sempre a qualidade de vida dos pacientes. 

O Diário: Como especialista, qual a principal orientação sobre o tema? 

Dra. Daniela Monteiro:  É fundamental ressaltar que o Glaucoma é uma doença assintomática, que pode levar a cegueira irreversível, por isso a prevenção é sempre a melhor conduta.