Maria: Mater Dei e Mater Ecclesiae
Diocese de Barretos - 23 de outubro de 2025
Maria: Mater Dei e Mater Ecclesiae
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Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos.
Maria Santíssima é venerada por muitos títulos que expressam diferentes aspectos de seu papel de cooperação no mistério da salvação. Dois desses títulos – Mãe de Deus e Mãe da Igreja – nos ajudam a compreender tanto sua dignidade singular quanto sua maternidade espiritual para “Mater Dei” (em latim “Mãe de Deus”) é equivalente ao grego Theotokos (“portadora de Deus”). Esse título afirma que Maria é mãe de Jesus Cristo, que é Deus e homem verdadeiro, com duas naturezas unidas na pessoa do Verbo. Foi definido dogmaticamente no Concílio de Éfeso (431 d.C.) em oposição ao nestorianismo, que separava as naturezas de Cristo de modo a colocar Maria como mãe somente da natureza humana, não da divina. Ao afirmar Maria como Mater Dei, a Igreja protege e afirma a doutrina da Encarnação: Jesus Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem desde a concepção. A maternidade de Maria é materna em relação à pessoa do Verbo encarnado. Esse título não eleva Maria a igualdade com Deus, mas reconhece o papel singular que ela ocupa: ela é bendita entre as mulheres porque “de ti nasceu o sol da justiça, Cristo Nosso Senhor”. Ele também sublinha a missão de Maria no plano da salvação: aceitar o chamado do Pai, cooperar com o Espírito Santo, conceber Jesus no seu ventre virginal, sustentá-lo na vida humana, estar ao pé da cruz. O título Mater Ecclesiae (“Mãe da Igreja”) foi oficialmente conferido a Maria pelo Papa Paulo VI durante o Concílio Vaticano II, em 1964. A ideia não surgiu do nada; há referências nos primeiros Padres – Santo Ambrósio de Milão, entre outros – que viam em Maria um papel materno não apenas em relação a Cristo, mas em relação aos fiéis. Maria é Mãe da Igreja no sentido de que, por sua união com Cristo (Filho), ela coopera com a graça salvífica, sendo exemplo e modelo de fé, esperança e caridade para os fiéis. O Catecismo da Igreja Católica afirma que Maria é reconhecida como verdadeira Mater Christi e também Mater Ecclesiae, “porque cooperou com caridade para que nascessem os fiéis na Igreja, que são membros de seu Filho.” Os dois títulos revelam aspectos diferentes, mas complementares: Mater Dei aponta para o mistério da Encarnação; Mater Ecclesiae aponta para a maternidade espiritual, missionária, de Maria na Igreja. Maria Santíssima, como Mater Dei, nos revela a dimensão do mistério de Deus que se fez carne; nos faz inclinar diante do Verbo encarnado que vivemos no cristianismo. Como Mater Ecclesiae, ela permanece conosco, não distante, mas materna, intercedendo, orientando, acompanhando o povo de Deus peregrino.



