Ontem, 6 de abril de 2019, comecei a produção de uma aquarela com tema de ave, mais precisamente, galo e galinhas. Quando vem uma vontade de pintar como esta , com tema já escolhido, eu me questiono. Porque será que veio assim pronto e tão forte?


Durante o arruma, arruma e tudo o necessário, como : tamanho do papel, pincéis, água e tudo mais, sem vir a resposta ainda para o auto questionamento, entro no processo.De repente 'eureka ' vivencio lá atrás e viajo duplamente: no passado e no presente com as cores e ações pertinentes. Poderá até sair uma aquarela mais ou menos, porém , o prazer é maior , porque foram afloradas lembranças muito boas dos idos anos de minha infância ou seja , década de 40 a 50 mais precisamente , a inauguração Recinto Paulo de Lima Corrêa, em 1945, morávamos na rua 4, bem longe , mas fomos.Detalhe: à pé. O nosso pai e nossa mãe eram animados.Eu era a sexta filha da prole de oito.


Os quatro primeiros já não compunham conosco, para alguns eventos.Bem aprumadinhos e felizes , os quatro com o Sr. Tonico e d. Fiuca, não menos bem trajados.Na infância, os locais, as paredes e degraus etc tinham dimensões enormes, parecem encolher na mesma proporção do nosso desenvolvimento físico.Eram, enormes as baias, os cavalos, imensos.


Tudo muito limpo e asseado, mas impossível não se perceber o cheiro agradável do estrume. O som do relinchar era sonoro, mas para a minha idade era assustador, claro ria-se e achegava-se para grudar na perna do pai.E o pavilhão que abrigava a exposição das galinhas e galos ? Tudo na mesma linha de cuidados e asseio.


As memórias visuais, auditivas e olfativas soam em uníssono neste momento. . Assim, lembro- me, que eram exemplares de muitas espécimes, com plaquinhas identificativas e foi a primeira vez que ouvi a palavra exótica 'leghorn ', pronunciada naquele dia e local, pela minha mãe. Não sei, mas acho que mais de um galo cantou e o cheiro tinha um misto de ração.Aquela não foi a única vez de comparecer ao Recinto, há ainda muitas outras memórias, também especiais. Bem, hoje domingo, ainda sem terminar, suspendi a minha pintura para escrever este texto, amanhã continuo se Deus quiser.


Ainda bem que um local tão especial como este, está livre de qualquer ação de descaraterização,pois está tombado pelo Condephaat!!!! (Conselho de Defesa do Patrimônio Historico).

Texto escrito por Conceição Ribeiro Borges (Membro da Academia Barretense de Cultura- ABC) em abril de 2019.