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Momento que encanta

Diocese de Barretos - 26 de novembro de 2025

Momento que encanta

Momento que encanta

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Por Pe. Flávio Pereira, Vigário Catedral, Barretos-SP

Como é bonito se encantar por algo, ter olhares voltados única e exclusivamente para aquilo, ou para aquela pessoa. No entanto, há de se ter cuidado, haja vista que o momento passa e o encanto pode findar-se. Colocar os pés no chão é o melhor indicativo para ter sonhos passíveis de serem realizados e não aqueles que são utópicos. O brilho no olhar que toma conta de quem admira uma situação, uma pessoa, um fato (extraordinário ou não) deve ser evidenciado, uma vez que algo fora despertado dentro de quem está envolto no momento e isso demonstra que existe em cada ser humano a capacidade de sentir, surpreender-se e até mesmo de acreditar, tal fato desperta um desejo de ir além, contemplar e viver o que fora visto, evidenciado. Diante disso, um cuidado se faz necessário de ser evidenciado, a transitoriedade, uma vez que tudo tende a se mover, se modificar e se transformar. Os minutos passam, o olhar se modifica, sentimentos se transformam, emoções vem e vão; aqui se encontra a essência do ser: o momento que encanta pode não voltar e vivê-lo intensamente será mais eficaz quando vivido em Deus, sendo esta uma experiência para toda a vida. Quando Jesus foi elevado aos céus, em sua ascensão, os discípulos ficaram fascinados, olhando para o céu, ao passo que dois homens lhes aparecem e lhes dizem: “homens da Galileia, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu (At 1,11)”. Embora a contemplação seja boa, eleve o homem à experiência do encontro verdadeiro e pleno com o Senhor, a realidade não deixa de existir, mesmo diante do fascínio; de certo modo, ela vai para o segundo plano, mas continua lá. Uma vez que este vislumbre vai, faz-se necessário voltar à realidade. Por isso os dois homens apareceram aos discípulos e os chamou de volta à realidade. O encanto não deve ser evitado, mas deve, acolhido por meio da consciência e da experiência de vivência, ao passo que a contemplação deve conduzir o homem à ação, ou, em outras palavras, colocar em prática o que se admirou. O momento que encanta causa fascínio e este mostra que uma realidade ideal é possível, desde que atrelada à realidade, por isso os homens que aparecem aos discípulos disseram que ‘da mesma forma que Jesus partira, ele voltaria’. Sonhar é um modo de construir pontes que conectam o homem com um ideal que ele almeja!