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Morrendo

rogerio-ferreira-da-silva - 9 de junho de 2024

Morrendo

Rogério Ferreira da Silva é cirurgião dentista

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Sim, eu estou! Aliás, todos nós estamos desde o dia em que nascemos, mas muitos vivem uma vida onde sequer conseguem perceber a filosofia por trás da eterna morte enquanto vivemos. Você, caro amigo leitor, que talvez me conheça, sabe que gosto do aspecto finito dessa vida (digo dessa vida onde comemos e dormimos). Saber que já estou morrendo (e que já vivi mais do que ainda tenho para viver), me faz ver com mais clareza o que quero e o que não admito para os meus dias restantes por aqui na Terra. Atender um paciente que não me valoriza e consome meus nervos, além de muitas horas das poucas que me restam nessa vida que está acabando, pode ser grande parte das vezes, mais perder do que ganhar. Ter em mente que quando você melhora a vida das pessoas através daquilo que você faz ou vende, acaba por tornar ser impossível também a sua vida não melhorar. Conversar com alguém insuportável pode ser viável em termos de “ser cristão”, mas aí lembro que estou morrendo e preciso viver o que vim aqui fazer, escrever um artigo como esse, um texto, dar aula para alunos interessados em aprender, tocar uma música no violão por vezes esquecido no escritório, fazer minhas coisas que me dão alegria, andar de bicicleta ou de motocicleta, dormir. Gostaria de poder perder tempo pegando sol na praia (ah! Isso sim é bom...), sem preocupação, sem ter nada para fazer a não ser ficar ali conversando com gente simples de grande sabedoria. Esse tipo de coisa me fascina. Sim, eu e você estamos morrendo, e não há muito tempo, creia nisso. Muitas pessoas acham sombrio falar sobre morte, mas, creio eu, que falar sobre morte te faz ver o porquê você vive. Viver é bom e morrer também o deve ser. Não pelo sofrimento, não pela perda, mas sim por chegar lá no final e ver que valeu a pena, chegar lá no final e ver que não foi em vão. Um ótimo domingo para você!