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Muito bom para ser verdade

O Diário - 18 de junho de 2025

Muito bom para ser verdade

José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo

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A PEC da vedação da reeleição é uma notícia muito boa para ser verdade. Já existe uma articulação para que ela não seja votada e, muito menos, aprovada. É claro. A política passou a ser uma profissão no Brasil e não uma forma de saudável coordenação do interesse coletivo.

A reeleição nunca deu certo. Por uma série de razões, mas porque ela excita o eleito a se comportar, desde o primeiro dia do primeiro mandato, como o candidato ao segundo. Tudo passa a ser o permanente palanque. A primeira experiência já foi esquecida, como quase tudo em nosso país. Mas a sensação que se teve foi de que o primeiro reeleito foi obrigado a “vender a alma” para se reeleger.

Já chamei a reeleição de “matriz da pestilência”, por essa contaminação que ela traz para a vida pública.

Os argumentos a seu favor não se sustentam. Privar o eleitor de reconduzir bom governante? E a missão de formar novos quadros, preparando-os para a transitoriedade própria à Democracia?

Outro ponto favorável da PEC é a coincidência de eleições. Por que, a cada dois anos, a dispendiosa logística de requisição de prédios particulares, de convocação da cidadania para trabalho gratuito? Em nome de propaganda eleitoral? 

O ideal seria que as eleições fossem eletrônicas. O dinheiro gasto com essa excessiva despesa de paralisar a nação por um dia poderia ser melhor aproveitado na estruturação de sistemas de tutela e segurança para que a vontade do eleitor não fosse frustrada. 

Mas será difícil a aprovação dessa PEC, assim como não deu certo o aceno com a redução do número de municípios, que assim deveriam ser chamados, somente aqueles com receita suficiente para manter a máquina pública. As coisas boas, no Brasil, são difíceis de acontecer, se entregues à volúpia famélica dos políticos profissionais da cidade fantasia chamada Brasília. 

Resta atuar para que a educação se dissemine, principalmente a formação de quadros políticos que venham a suprir a urgência de novas lideranças federais e de efetivo atendimento aos interesses da cidadania.