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“Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi” (Jo 15,16)

Diocese de Barretos - 10 de julho de 2025

“Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi” (Jo 15,16)

“Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi” (Jo 15,16)

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Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos.

A vocação sacerdotal é um dos maiores mistérios da vida da Igreja. Trata-se de um chamado singular, feito por Deus a alguns homens para que, em nome de Cristo, sejam pastores do povo, servidores da Palavra, ministros dos sacramentos e testemunhas vivas do amor de Deus no mundo. Mais do que uma profissão ou função, o sacerdócio é uma doação total de vida a serviço do Evangelho em nome da Igreja. A palavra “vocação” vem do latim vocare, que significa “chamar”. Assim como Deus chamou Moisés no deserto, Samuel no templo, os profetas em meio à sua realidade e os apóstolos à beira do mar da Galileia, também hoje o Senhor continua a chamar. O chamado é, muitas vezes, silencioso, discreto, mas insistente. Ele pode nascer no coração de um jovem durante a oração, na convivência com um padre santo, na participação em uma comunidade viva de fé, ou até em meio às inquietações do mundo moderno. A vocação para o sacerdócio é sempre uma iniciativa divina: é Deus quem chama, é Deus quem capacita, é Deus quem sustenta. O coração humano é livre para responder, com generosidade ou resistência, com fé ou temor. Como Maria, que disse “sim” ao anjo, o vocacionado precisa abrir-se com confiança à vontade de Deus. Como homem da Palavra, ele a proclama com fidelidade e coragem, sendo o primeiro a escutá-la e a colocá-la em prática. Como homem dos sacramentos, torna-se instrumento da graça de Deus, especialmente na Eucaristia e na reconciliação. Como pastor, acompanha as ovelhas com zelo, compaixão e firmeza, tornando-se presença de Cristo no meio do seu rebanho. O sacerdote é chamado a ser homem de oração, pai espiritual, servo humilde e testemunha da esperança, especialmente em um mundo marcado pela indiferença religiosa, pelas crises familiares e pela solidão existencial. O sacerdote não vive para si: ele é dom para a Igreja. Em tempos de secularismo e confusão de valores, o mundo precisa mais do que nunca de padres santos, próximos do povo, firmes na doutrina e abertos à ação do Espírito. Para escutar e discernir o chamado de Deus, é preciso cultivar a vida de oração, participar dos sacramentos, buscar orientação espiritual e envolver-se na vida da comunidade. O discernimento não se faz sozinho: é um caminho a ser trilhado com acompanhamento, paciência e humildade. A comunidade cristã é chamada a rezar pelas vocações, a promover a cultura do chamado e a apoiar com generosidade aqueles que se colocam a caminho do sacerdócio. Que muitos jovens possam ouvir a voz do Senhor que continua a dizer: “Segue-me!”, e que, com coragem e fé, respondam como o profeta Isaías: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8).